Os textos e fotografias produzidos pela equipe da PASCOM da Paróquia São José – C. dos Dantas podem ser livremente utilizados, mencionando-se o blog http://www.montedogalo2009.blogspot.com/ como fonte

31 de mai. de 2010

MARIA EXULTA DE JÚBILO

Neste último dia do mês de maio celebramos o encontro de Maria, a Mãe de Jesus, com Isabel, a mãe do precursor. Festa de alegria, de hospitalidade, de ternura vivida por duas mulheres agraciadas. Vamos pedir ao abade Adão de Persênia que nos ajude a meditar sobre o tema da exultação de Maria.

Maria, a excelentíssima Mãe de Deus, saudada pelo anjo, grávida por obra do Espírito Santo, elevada sobre a montanha de todas as virtudes, honrada pela exultação de João Batista ainda no ventre materno, louvada pelas palavras proféticas de Isabel, exclama com o coração transbordando de alegria: A minha alma engrandece o Senhor (Lc 1,47).

Observa, em primeiro lugar, onde ela engrandece o Senhor. É nas montanhas, numa cidade de Judá, na casa de Zacarias. Levantando-se do vale da vaidade terrestre, do abismo da corrupção humana, das planícies da comum iniquidade, Maria partiu apressadamente para as montanhas.

As montanhas são os cumes da perfeição, a saber, a verdade que plenifica uma alma iluminada por Deus, a virgindade de uma carne perfeitamente íntegra, cobrindo-a com a sua sombra o poder do Altíssimo para fecundar-lhe o seio. São essas as montanhas para as quais Maria sobe; lá se encontram a cidade de Judá e a casa de Zacarias.

Subindo às alturas a mãe de Deus ouve Isabel profetizar acerca de seu destino e recorda a mensagem que recebera do Senhor por intermédio do anjo. Considera a pureza de sua consciência, compreende que sua carne foi preservada de toda corrupção e vê-se inteiramente conduzida por Deus para esses cumes. Por conseguinte, de agora em diante, ultrapassando o mundo e as criaturas, tanto pela mérito de sua vida quanto por uma prerrogativa da graça, quanto pela alegria infinita, Maria canta ao Senhor um cântico novo: A minha alma engrandece o Senhor.

A alma de Maria engrandece o Senhor porque também ela própria foi por ele engrandecida. Com efeito, sua alma não teria podido engrandecer o Senhor se não tivesse primeiro sido engrandecida. Ela, pois, engrandece aquele por quem foi engrandecida; engrandece-o não somente pelo louvor de sua boca ou pela integridade de seu corpo, mas pelo caráter único de sue amor.

Em Maria, a língua, a vida, a alma engrandecem o Senhor: a língua o engrandece narrando a santa magnificência da glória divina; a vida, merecendo por suas obras a mesma glória; a alma, amando-o de maneira única, atingindo-o pelo vôo da contemplação, encerrando em seu espírito e em seu seio a incompreensível grandeza.
Lecionário Monástico III, p. 821-822

EVANGELHO DO DIA - Lucas 1,39-56

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: «Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.»
Então Maria disse: "Minha alma proclama a grandeza do Senhor, meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão, porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo, e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração. Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias. Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais - em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre."
Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa.
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

30 de mai. de 2010

Imperdível testemunho: Marcos Monteiro Grillo


A maioria de vocês me conhece como um cristão protestante “de carteirinha”. Não tanto como um daqueles “crentes” típicos, isto é, moralista, fundamentalista (na pior acepção da palavra) e às vezes inconvenientemente proselitista. Sempre fui um cristão discreto (até demais…) ou mesmo tímido, mas essa discrição e essa timidez têm sido compensadas, nos últimos anos, por uma intensa participação em listas de discussão e em comunidades no Orkut. E essas minhas participações fizeram-me um evangélico razoavelmente conhecido na Internet, ou pelo menos em um grupo relativamente grande de amigos e conhecidos evangélicos. O fato de muitas pessoas me conhecerem — umas mais, outras menos — como um protestante atuante e “engajado” é o que me obriga, por uma questão de honestidade, a vir a público dar-lhes uma notícia que para muitos (talvez para a maioria) de vocês poderá ser decepcionante, revoltante até, mas que eu preciso comunicar, até por um dever para com a minha própria consciência e com Deus.
Sem mais delongas, quero lhes comunicar minha decisão de me tornar católico apostólico romano. Não se trata de uma decisão súbita, ao contrário, é fruto de um processo que se iniciou há pelo menos cinco anos.
Resumidamente, para quem não conhece, vou contar minha trajetória religiosa até aqui. Eu nasci numa família protestante. Meus pais eram — e são até hoje — membros da Igreja Presbiteriana do Brasil, igreja onde fui batizado e fiz profissão de fé. Durante boa parte da minha adolescência, freqüentei uma igreja pentecostal conservadora. Com a morte da dirigente dessa igreja (que era minha tia), os membros se dispersaram, e eu então me tornei membro da igreja batista, onde congreguei por cerca de 3 anos, de onde saí para freqüentar, por poucos meses, uma pequena comunidade evangélica no bairro de Botafogo. Então com 24 anos, ingressei na faculdade de filosofia, o que fez com que eu me afastasse da igreja (embora não de Deus) por certo período, durante o qual eu pude refletir criticamente sobre a minha experiência como cristão.
Ao fim do curso, escolhi como tema da minha monografia um pensador religioso chamado Søren Kierkegaard (1813-1855), que era luterano. O estudo do pensamento desse filósofo, que é considerado “o pai do existencialismo”, com sua perspectiva cristã ao mesmo tempo bíblica e original, reacendeu minha fé e eu então me tornei membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Mas, por causa da minha formação em filosofia (que continuou até o mestrado), desde que voltei a freqüentar a igreja (em 2002) eu sempre estive refletindo sobre a fé, sobre igreja (a fé institucionalizada) e sobre a religião em geral. Esse processo de reflexão, aliado ao princípio tipicamente protestante do “livre exame da Bíblia” (que alguns católicos chamam um tanto impropriamente de “livre interpretação”), levou-me a uma fé bastante subjetiva e racionalista (embora muitas vezes esse racionalismo se confundisse com fideísmo, certamente pela mania tipicamente racionalista de separar fé e razão). Esse subjetivismo e esse racionalismo por fim me levaram ao liberalismo teológico, não o liberalismo vulgar e irresponsável que muitos “teólogos” têm defendido hoje em dia, mas o liberalismo clássico.
Em outras palavras, embora eu reconhecesse a importância (e mesmo a imprescindibilidade) da Igreja e dos princípios básicos e tradicionais da fé cristã, passei a interpretar esses princípios de forma excessivamente racionalista (mais precisamente como “princípios morais”, ao modo de Kant), e essa postura fez com que minha fé se apagasse novamente (Obs.: não foi à toa que o liberalismo teológico nasceu e se desenvolveu em contexto luterano.). Mas, ao longo desse percurso, eu mantive uma “relação de amor e ódio” com o catolicismo. Essa relação começou praticamente junto com minha aproximação do luteranismo, visto que Lutero nunca rompeu totalmente com a igreja católica (ao contrário de Calvino, por exemplo), e que a igreja luterana conserva até hoje muito da liturgia e até da teologia católicas (particularmente no que diz respeito ao sacramento da Eucaristia ou Santa Ceia).
Por isso, à medida que eu me aproximava do catolicismo, conhecendo sua profundidade teológica e sua própria trajetória histórica (que indubitavelmente remonta a Cristo, aos Apóstolos e aos primórdios da Igreja cristã), minhas raízes protestantes enchiam-me de “ódio” por essa religião “idólatra”, por esse “cristianismo pervertido”, por esse “paganismo mal disfarçado”. E então eu me envolvia em inúmeras discussões com católicos, como que querendo, inconscientemente, convencer a mim mesmo de que o catolicismo estava errado e de que o protestantismo é que estava certo. Mas ao mesmo tempo em que eu ia tendo contato com o pensamento e com os consistentes argumentos católicos, eu ia constatando o subjetivismo e a mixórdia que infelizmente caracterizam o universo protestante, com suas incontáveis igrejas e profissões de fé, com as muitas variações entre um grupo protestante e outro. Como a doutrina de Cristo e dos Apóstolos poderia variar tanto? Como cada cristão poderia ter o direito de crer de acordo com o seu talante e de acordo com a sua própria interpretação (ou de acordo com a interpretação do fundador da sua igreja)? O subjetivismo e a variabilidade indicavam que alguma coisa estava errada, que a religião legada por Cristo e pelos Apóstolos haveria de ter permanecido incólume com o passar do tempo, sem estar sujeita ao arbítrio dos homens. E se há uma igreja que remonta a Cristo e aos Apóstolos, em que o subjetivismo simplesmente não existe, e onde uma autoridade visível (o Magistério) sempre foi e será responsável pela salvaguarda da fé, essa igreja só pode ser a igreja católica apostólica romana, essa igreja que não está sujeita às intempéries da história, nem aos modismos de cada época, nem aos gostos dos fregueses.
Ninguém pode negar que a história da Igreja Católica é manchada por episódios tristes, pela atuação de homens desonestos. Mas é necessário compreender que, se os homens da Igreja são pecadores, ela, em si mesmo considerada, é santa; é humana, mas também é divina. Seus membros são pecadores e humanos, mas a Igreja é santa e divina por causa da sua origem. E é precisamente esse o ponto em que o meu liberalismo teológico e minha atração pelo catolicismo se encontraram, como que numa encruzilhada. Se o meu liberalismo estivesse correto, isto é, se Jesus Cristo não fosse Deus em carne e osso (conforme ensina a fé cristã bíblica e tradicional), mas fosse apenas um mestre espiritual ou moral, então a questão sobre a igreja verdadeira perderia todo o sentido. Cada um poderia seguir individualmente o “mestre” Jesus, ter a sua própria “experiência” com ele, e isso bastaria.
Mas se, ao contrário, Jesus foi de fato Deus em forma humana (e esse é o cerne da fé cristã), então saber qual a Igreja que Ele (isto é, Deus em pessoa!) de fato fundou passa a ser uma questão crucial. E por mais que os protestantes se recusem a admitir, é histórica e logicamente inegável que essa Igreja é a Igreja católica, apostólica e romana, onde os sucessores dos Apóstolos foram incumbidos de preservar a doutrina revelada. E a verdade é que eu cansei de lutar contra as evidências, de lutar contra mim mesmo. Cansei de seguir simplesmente o meu próprio entendimento (Prov. 3,5), de ser pretensioso e orgulhoso ao ponto de achar que posso dispensar a experiência, o conhecimento e a autoridade daqueles que são os sucessores dos Apóstolos escolhidos por Cristo; que a minha compreensão da fé cristã é equivalente (quiçá superior!) à do Magistério; que a Igreja que Cristo fundou e cujo governo confiou aos Apóstolos (que evidentemente deveriam ter sucessores legítimos, visto que não poderiam viver eternamente!), e à qual prometeu acompanhar “até a consumação dos séculos” (Mt. 28,20), vagou perdida e equivocada por longos 1.500 anos, até que Lutero e os demais reformadores a “resgatassem”; enfim, cansei de lutar contra mim mesmo e contra Deus. (Obs.: talvez o meu liberalismo tenha sido uma última e desesperada tentativa de rechaçar o catolicismo, pois se Jesus não fosse Deus em forma de homem, então o catolicismo estava errado e eu não precisaria me preocupar mais com ele…)
Não estou aqui querendo julgar nenhum de vocês, nem poderia fazê-lo. Os que, dentre vocês, já são católicos, hão de me compreender e, presumo, de me felicitar. E os que são evangélicos eu espero que me compreendam da melhor forma possível, e que não se afastem de mim nem deixem de ser meus amigos por causa dessa minha decisão. Até porque não só por causa da minha origem protestante, mas também em consonância com o chamado da Igreja católica (particularmente na pessoa do atual Papa), vou continuar me empenhando no diálogo ecumênico, e talvez fazê-lo com mais dedicação ainda.
Finalmente, sei que estou correndo alguns riscos ao me expor dessa forma a tantas pessoas. Risco de ser incompreendido, de me tornar objeto de repulsa ou de chacota, e até de me transformar de amigo em inimigo. Mas eu simplesmente não poderia esconder dos amigos uma decisão de tal importância (a não ser que eu sumisse da Internet, trocasse os números dos telefones, enfim, desaparecesse, só para não ter que dar satisfações a ninguém…).
Há ainda várias razões pelas quais eu decidi me tornar católico. Uma delas é fato da Igreja católica ser o único porto efetivamente (e nãoaparentemente) seguro em meio ao relativismo filosófico, religioso e moral que grassa nos nossos dias.
Passei, então, a partir disso, a ter contatos com católicos no intuito de efetivar minha admissão na Igreja fundada por Cristo. Conversei com alguns leigos, tive direção espiritual com o Pe. Carlos Nogueira, LC, então diácono dos
Legionários de Cristo, no Rio de Janeiro, e uma entrevista com o meu novo Bispo, D. Rafael Llano Cifuentes, da Diocese de Nova Friburgo, à qual pertenceria, uma vez convertido. Fui então, sendo preparado, para incorporar-me, externa, definitiva e formalmente, à única Igreja de Jesus, Nosso Senhor.
A partir de então, dediquei boa parte do meu tempo à formação doutrinária e um fortalecimento da amizade com Cristo, fazendo, inclusive, um extenso exame de consciência que me iria preparar à minha primeira Confissão geral de todos os meus pecados mortais. Confessei-os no dia 14 de dezembro de 2007, uma sexta-feira, dia penitencial por excelência (o que já se mostrou um sinal).
Minha confissão, embora árdua, foi uma bênção. Foi, acredito eu, como deveria ser: confessei meus pecados todos oralmente, o padre usou sua estola, ouviu atentamente a minha confissão, concedeu-me o perdão mediante a fórmula devida, e por fim prescreveu-me a penitência.. A certeza da reconciliação com Deus e com Sua Igreja, assim como a paz que advém dessa certeza, é algo inestimável! Louvado seja o santo nome do Senhor Jesus Cristo!
No dia 16 de dezembro de 2007, III Domingo do Advento, pela maravilhosa graça de Deus, por Sua infinita bondade e pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, fui admitido na plena comunhão da Igreja Católica, por meio da Profissão de Fé e da Primeira Comunhão. A cerimônia, rigorosamente de acordo com o que determina o RICA (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos), foi singela, como eu também esperava que fosse. A alegria de poder dizer publicamente “Creio e professo tudo o que a santa Igreja católica crê, ensina e anuncia como revelado por Deus” foi indescritível, e a experiência da Primeira Comunhão também ficará para sempre na minha memória.
Por quanto tempo eu andei errante, seguindo tão-somente aquilo que eu achava que era a verdade?! Por quanto tempo eu acreditei que tinha o direito de julgar tudo e todos com base em critérios eminentemente subjetivos, isto é, em critérios que me pareciam serrazoáveis?! Nos últimos tempos, esse subjetivismo havia me levado a uma fé fria, em pouco ou em nada diferente de um humanismo ou de uma moralidade de feitio kantiano, uma deplorável mistura de relativismo e liberalismo teológicos que eu tentava mitigar professando exteriormente uma fé conservadora da qual intimamente eu duvidava.
Mas algo em mim não deixava meu intelecto em paz, algo me dizia que aquele estado de indefinição, de permanente suspensão de qualquer juízo definitivo, não poderia ser aquilo que Deus planejou para mim. A verdade não poderia ser uma meta inatingível, nem algo que cada um pudesse ou devesse estabelecer de acordo com o seu próprio arbítrio. Algo me dizia que eu estava perdido em meio às minhas elucubrações, mas eu não tinha forças para sair daquela areia movediça em que eu mesmo me coloquei. Às vezes parecia que eu tentava fazer como o Barão de Munchausen, ou seja, tentava sair do atoleiro puxando eu mesmo o meu próprio cabelo… Mas eu sabia, havia tempos, que a verdade deveria ser buscada em algo maior do que eu, em algo que não dependesse do arbítrio de nenhum ser humano e que não estivesse sujeito às intempéries do tempo. Eu já sabia que a verdade só poderia ser encontrada na Igreja, isto é, naquela Igreja fundada pelo próprio Deus em carne e osso (Nosso Senhor Jesus Cristo!), cuja chefia Ele confiou aos Apóstolos e especialmente a Pedro, os quais, por causa dessa incumbência especialíssima, deveriam ter seus legítimos sucessores. Mas o meu orgulho e a minha presunção impediam-me de admitir essa verdade, e por isso meu intelecto ficava se debatendo, pois eu sabia que a verdade só pode ser encontrada num único lugar, nesse lugar onde todo intelecto pode, enfim, repousar, nesse verdadeiro porto seguro, onde fé e razão podem se entrelaçar perfeitamente, onde não há espaço para voluntarismos, nem para subjetivismos ou relativismos. Enfim, eu sabia que a verdade, a mais sublime verdade, só pode ser encontrada na una, santa, católica e apostólica Igreja de Cristo, que Ele prometeu jamais abandonar e sobre a qual Ele disse que as portas do inferno jamais prevalecerão. Mas eu insistia em me apegar à minha débil razão, em achar que aquela esperança desesperada que eu chamava de fé era o máximo que eu poderia alcançar, e preferia ficar com esse arremedo de fé a abdicar do meu “bom senso” em favor de algo maior. E foi nesse estado que a graça divina me alcançou, foi desse lamaçal que Deus me resgatou.
Hoje eu não tenho palavras para descrever a felicidade que o fato de estar na verdadeira Igreja tem me proporcionado. Tudo o que eu quero é agradecer a Deus todos os dias da minha vida por essa bênção e procurar conhecer mais e mais a fé católica apostólica. Sei que muitos podem e poderão achar que essa é só mais uma “fase”, que assim como eu passei por outras igrejas, passarei também pela católica… Mas só pensa isso quem não sabe (ou se esqueceu) que a Igreja Católica não é uma igreja como outra qualquer, não é uma “opção” válida entre outras igualmente válidas. Quem se converte à Igreja Católica, ou nela permanece, pensando que o catolicismo é uma “opção” dentre outras (em vez de ser a verdade plena e definitiva), não conhece a fé que professa. E em meu íntimo eu já sabia que ser católico é algo muito sério, e também por isso eu vinha adiando minha decisão, até que a graça de Deus suplantou o meu medo e meu orgulho, de modo que eu abracei a fé católica com plena consciência do que isso significa, com a consciência de que essa é uma decisão para a vida toda. Eu sabia que, no dia em que me convertesse ao catolicismo, seria de uma vez para sempre.
Que Deus me dê a graça de perseverar até o fim. Que Ele não permita jamais que eu volte a seguir o meu próprio entendimento (Pv. 3,5), que não me deixe cair nessa tentação (pois sou homem e por isso estarei sempre sujeito a cair). Que eu nunca me esqueça de que sem Deus eu nada sou e nada posso fazer.
Quero agradecer publicamente ao meu irmão e amigo Marcus Pimenta, que suportou por anos a fio a minha petulância e a minha teimosia, em intermináveis debates por e-mail. Jamais esquecerei sua paciência e sua generosidade, meu irmão!Agradeço também ao meu amigo e irmão Robson, companheiro do bacharelado ao mestrado em filosofia (hoje ele é doutorando e professor com uma brilhante carreira pela frente), com quem tive o prazer de conversar muitas vezes e que tenho a certeza de que rezou por mim.
Agradeço também à equipe do site
Veritatis Splendor, especialmente os irmãos Alessandro Lima, Alexandre Semedo (a quem devo desculpas pelo tom ríspido dos últimos e-mails, de alguns anos atrás!) e Rafael Vitola Brodbeck, com os quais tive o privilégio de debater e com quem muito aprendi (e continuo a aprender!).
Agradeço ainda ao estimado irmão Marcelo Coelho, pela inestimável ajuda; ao prezado Yvan Eyer, com quem “briguei” muitas vezes pelo Orkut mas que também contribuiu, com sua inteligência e conhecimento, para esse passo tão importante; ao querido Joathas Bello, cristão exemplar e uma das pessoas mais íntegras e inteligentes que conheço; aos familiares e amigos da minha esposa em Belford Roxo (Baixada Fluminense), com quem tive (e espero continuar tendo!) a oportunidade de conhecer de perto o jeito católico de ser; e a todos os irmãos que, de uma forma ou de outra, me ajudaram e têm ajudado na caminhada até aqui. Que Deus abençoe grandemente todos vocês!
Enfim, agradeço à minha esposa, Osana, católica de berço, e que assim permaneceu até hoje. Ainda que não tenha influenciado diretamente no meu processo de conversão, ela certamente contribuiu com o seu comportamento, com sua simples presença ao meu lado, como que sempre a me lembrar da possibilidade de vir a me tornar católico. Também com ela eu comecei a aprender algo sobre o catolicismo, especialmente no que diz respeito à liturgia e ao calendário da Igreja. Com ela eu fui a várias missas, bem antes de me converter (missas nas quais a graça de Deus certamente já agia, ainda que silenciosamente). E com ela eu pude receber o meu primeiro sacramento católico, já que nos casamos na Igreja Católica.
Finalmente, quero agradecer a Deus Pai, Filho e Espírito Santo, a quem toda a honra e toda a glória são devidas, e à Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, pela maravilhosa intercessão em favor desse filho rebelde!
A todos, o meu cordial e fraterno abraço.

Marcos Monteiro Grillo

O INSONDÁVEL MISTÉRIO DA TRINDADE

Santíssima Trindade : Festa de Deus! Insondável abismo de Deus! Um Deus em três pessoas distintas. Um Deus indizível. Não pode ser dito, mas simplesmente adorado. Festa de louvor, de alegria e de adoração.

Ele, o Altíssimo, é aquele pelo qual nosso coração anseia. Para além do que podemos ver, ouvir, sentir há Alguém. Chamamo-lo de Tu, Numinoso, Deus, Altíssimo, Todo Outro, Insondável, aquele que mora numa luz inacessível. Sempre buscado, nunca alcançado. Não se pode ver a Deus sem morrer, diz a Escritura. Moisés, diante de um arbusto que ardia, compreende que ali há uma presença diferente. O arbusto que ardia, o fogo que podia queimar. Deus do fogo e do ardor. Moisés é convidado a tirar suas sandálias porque aquela era uma terra santa, com a presença dele. E o seu nome era: Eu sou o que sou. Isaías faz uma experiência de Deus no templo. Majestoso, o Senhor, estava sentado no trono cercado dos serafins. E o profeta compreende que ele é o santo, três vezes santo, um Deus santíssimo. Precisa purificar os lábios com um carvão ardente. Elias, por sua vez, desalentado, busca refúgio na caverna. Lá faz ele também uma experiência de Deus. Na subida do Horeb aparece pão e um jarro de água para aquele que se sentia desalentado. Na caverna, num determinado momento, há uma brisa suave e Elias cobre o rosto porque o Senhor passa. Nós catamos o Amado, buscamos aquele que pode encher de profunda felicidade esse nosso irrequieto coração.

Jesus é o grande revelador , do Pai que mora numa luz inacessível e do Espírito. Jesus fala muito do Pai, que ele conhece, do qual ele vem, igual a ele. Fala do Pai que o ama, que não o larga, do qual ele quer sempre fazer a vontade.

Ele mesmo, totalmente homem, tem o rosto iluminado na montanha da transfiguração. Insiste em dizer que ele o Pai são um. Quem o vê, vê o Pai. Os dois, o ele e o Pai, haverão de enviar o Paráclito que procede de um e de outro. Pai, Filho e Espírito Santo.

O ensinamento sobre a Trindade aparece claramente no Prefácio da Solenidade: Com vosso Filho único e o Espírito Santo, sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito da vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual majestade.

O Pai não é gerado. É eternamente Pai. O Verbo, o Filho, é eternamente gerado. Na plenitude dos tempos, o Verbo se faz carne em Maria. O Verbo tem uma missão para fora da Trindade. A Trindade vem ao encontro do homem… A fornalha de amor que é a Trindade se difunde. O amor, o laço entre o Filho e o Pai é tão forte que é o Espírito. Este também, depois da obra do Filho, tem uma missão ad extra. Falamos da ação do Espírito que continua a obra de Cristo.

Somos batizados na Trindade, fazemos o sinal da cruz com os nomes das três pessoas, todas as orações oficiais da Igreja se fazem em nome da Trindade.

O Pai nos ama, o Filho nos redimiu e o Espírito foi derramado em nossos corações.

Fonte: www.franciscanos.org.br

EVANGELHO: João 16,12-15

SOLENIDADE DE SANTÍSSIMA TRINDADE


«Ainda tenho muitas coisas para dizer, mas agora vocês não seriam capazes de suportar. Quando vier o Espírito da Verdade, ele encaminhará vocês para toda a verdade, porque o Espírito não falará em seu próprio nome, mas dirá o que escutou e anunciará para vocês as coisas que vão acontecer. O Espírito da Verdade manifestará a minha glória, porque ele vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês. Tudo o que pertence ao Pai, é meu também. Por isso é que eu disse: o Espírito vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês."


PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

29 de mai. de 2010

A AUTORIDADE DE JESUS

Jesus, ao longo de sua vida pública, se viu envolvido em controvérsias e disputas. Muitos de seus adversários estavam sempre prontos a questioná-lo com forte dose de maldade. No templo sumos sacerdotes, mestres da lei, anciãos perguntam a Jesus: Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso? Estas coisas eram os milagres, os sinais do mundo novo: abrir os olhos aos cegos, curar os paralíticos, abrir o ouvido aos surdos.

Jesus resolve debater com eles e todos se calam. Por medo...

Jesus tem autoridade pelo seu jeito de viver. Teve uma infância e uma juventude vividas em total discrição. Nada de coisas extraordinárias. Num determinado momento ele se deu conta que devia começar seu serviço. Vai ao Jordão. Ali o Pai o designa como seu mensageiro e diz mesmo: “Este é o meu Filho dileto, escutai-o”. Jesus tem consciência de que o Pai lhe confia uma missão. Vai ser agora um arauto do Pai. Sua autoridade vem do Alto.

Viverá uma vida simples: sem casa, sem bagagens, comendo aqui e ali, vestindo-se singelamente, estando perto das pessoas. A autoridade do Mestre vem desse jeito de viver. Aproxima-se dos simples, alimenta os famintos, observa carinhosamente a mulher que coloca esmolas generosas no templo mesmo sendo paupérrima, olha para um cego jogado na estrada e lhe dá a visão. Gestos de bondade, sem interesse pessoal. As pessoas que amam têm autoridade moral e podem e precisam ser seguidas. Foi precisamente o caso de Jesus que passou a vida fazendo o bem.

Mas não basta isso. Jesus, de modo especial, no evangelho de João diz que ele vem do Pai, que o Pai o enviou, que ele precisa fazer a vontade do Pai, que veio instaurar o Reino de Deus. Diz mais ainda. Afirma que ele e o Pai são um. Sua autoridade vem do fato de vir do Pai e de sua unidade com o Pai.

Com sua paixão, morte e ressurreição e sua presença misteriosa no meio dos homens ele continua falando em nome do Pai, atraindo corações, e exigindo carinhosamente que as pessoas se posicionem diante dele e da vontade do Pai.

Jesus é autoridade por causa de seu amor e por ser o enviado do Pai.

É certo que Cristo é um mestre exigente. E que bom que o seja. Não admite muitas discussões. Quando ele irrompe numa vida há uma urgência em se dar resposta. Por que ele urge? Por que tempo é breve e ele não pode deixar de aproximar-se das pessoas para que elas não se percam na mediocridade. Há uma pressa no seguimento. Ubaldo Terrinoni fala dessa resposta imediata e urgente: “Aquele que é chamado, diante do apelo do Senhor, não pode, facilmente, hesitar, tergiversar ou adiar a resposta, mas deve decidir-se, dar resposta no momento do encontro. O apelo tem, pois, uma nota de urgência: é o apelo do tempo oportuno, do tempo favorável; é a grande e feliz ocasião que não pode falhar, ou melhor, deve ser aproveitada agora, aqui e de imediato, para mim, para você” ( Projeto de via evangélica, Paulinas 2007, p.46).

EVANGELHO DO DIA - Marcos 11,27-33

Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém. Jesus estava andando no Templo. E os chefes dos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos se aproximaram dele. Perguntaram: «Com que autoridade fazes tais coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?» Jesus respondeu: «Vou fazer uma só pergunta. Respondam-me, e eu direi com que autoridade faço isso. O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondam-me.» Eles comentavam entre si: «Se respondemos que vinha do céu, ele vai dizer: ‘Então, por que vocês não acreditaram em João?’ Devemos então dizer que vinha dos homens?» Mas eles tinham medo da multidão, porque todos consideravam João como verdadeiro profeta. Então eles responderam a Jesus: «Não sabemos.» E Jesus disse: «Pois eu também não vou dizer a vocês com que autoridade faço essas coisas.»
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

28 de mai. de 2010

DIEGO FERNANDES na Matriz de São José


NA CASA DE ORAÇÃO

Jesus reclama de pessoas que tinham feito do templo um lugar de negócios. A impressão que se tem é que haviam perdido o sentido profundo e religioso daquele espaço que era casa de oração. Marcos usa expressão forte: Vós fizestes dela uma toca de ladrões. Jesus, vendo o desrespeito pelo templo, pela casa do Pai, age com certa violência. Derruba as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas e impedia que carregassem o que quer que fosse pelo templo.

Não podemos absolutizar o templo. O Deus grande e belo, criador e sustentador está presente em toda parte. As coisas permanecem na força criadora do Senhor. Todo lugar é lugar de encontro com Deus. Depois da encarnação do Verbo, o ser humano passou, de modo especial, a ser templo de Deus. Já tomamos as distâncias devidas e necessárias à religião do templo, da sacristia, de um modo de cultuar a Deus num único espaço pedindo que ele ali permaneça e deixe o campo livre para as ações ditas profanas. Não fazemos mais essa distinção.

Dito isto não podemos deixar de dizer que temos um carinho e uma afeição para com os templos. Desde as mais modestas capelinhas das encruzilhadas até às basílicas sabemos que elas são casa de oração.

Rumo ao templo dirigem-se aqueles que, unidos a outros fiéis, querem adorar o Senhor, ouvir sua Palavra, encontrar o Sacrário com a presença adorável daquele que depois da celebração eucarística permanece na presença do Pai. A lamparina vermelha nos avisa para esta presença.

Todas as vezes que colocamos nossos pés no templo carregamos nossa história que desejamos colocar diante do Senhor. Os que entram no templo precisam experimentar vontade de pedir perdão, ter o coração contrito. Jesus contou a parábola de um publicano que, prostrado por terra, não levantava altaneiro o olhar, mas simplesmente pedia a misericórdia de Deus. Não podemos profanar o templo com intenções menos nobres e corações acostumados ao pecado.

No templo, vamos pessoalmente para oração e para buscar a paz. Nas celebrações oficiais cantamos, escutamos a Palavra, celebramos a Eucaristia, buscamos o perdão dos pecados, celebramos casamentos, fazemos profissões religiosas. Por isso compreendemos o zelo de Jesus. Ele não admitia que fizessem da casa do Pai, da casa de oração, um antro de ladrões e de coisas menos nobres.

EVANGELHO DO DIA - Marcos 11,11-26

Jesus entrou em Jerusalém, no Templo, e olhou tudo ao redor. Mas, como já era tarde, saiu para Betânia com os Doze. No dia seguinte, quando voltavam de Betânia, Jesus sentiu fome. Viu de longe uma figueira coberta de folhas e foi até lá ver se encontrava algum fruto. Quando chegou perto, encontrou somente folhas, pois não era tempo de figos. Então Jesus disse à figueira: «Que ninguém mais coma de seus figos.» E os discípulos escutaram o que ele disse. Chegaram a Jerusalém. Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no Templo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas. Ele não deixava ninguém carregar nada através do Templo. E ensinava o povo, dizendo: «Não está nas Escrituras: ‘Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? No entanto, vocês fizeram dela uma toca de ladrões.» Os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei ouviram isso e começaram a procurar um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, porque a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. Ao entardecer, Jesus e os discípulos saíram da cidade. Na manhã seguinte, Jesus e os discípulos, passando, viram a figueira que tinha secado até à raiz. Pedro lembrou-se e disse a Jesus: «Olha, Mestre: a figueira que amaldiçoaste secou.» Jesus disse para eles: «Tenham fé em Deus. Eu garanto a vocês: se alguém disser a esta montanha: ‘Levante-se e jogue-se no mar, e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá’. É por isso que eu digo a vocês: tudo o que vocês pedirem na oração, acreditem que já o receberam, e assim será. Quando vocês estiverem rezando, perdoem tudo o que tiverem contra alguém, para que o Pai de vocês que está no céu também perdoe os pecados de vocês. Mas, se vocês não perdoarem, o Pai de vocês que está no céu não perdoará os pecados de vocês.»
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor.

26 de mai. de 2010

A LIÇÃO SEMPRE NOVA DO SERVIÇO

Jesus vive com os seus discípulos e apóstolos. Estão quase sempre juntos. Por isso, como Mestre, podia formá-los a cada instante, em todas as circunstâncias. O trecho de Marcos proclamado hoje nos diz que Jesus e os seus estão a caminho, subindo para Jerusalém. Marcos faz questão de dizer que Jesus está à frente como que a sugerir que ele tem coragem de dirigir-se à cidade fora dos muros da qual dará a vida. A lição que Jesus estava ensinando não era muito agradável. Falava a respeito das coisas que estavam para acontecer em Jerusalém. O evangelista observa: Os discípulos estavam espantados e aqueles que iam atrás estavam com medo.

Jesus se apresenta como aquele que está para cumprir o que é dito a seu respeito nas Escrituras e o que é dito não é tão simples nem tão fácil de aceitar: Eis que estamos subindo para Jerusalém e o Filho do homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão zombar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará.

Desenha-se no horizonte de Cristo a cruz, os momentos decisivos de sua vida, o abandono e o menosprezo que viverá.

Ora, precisamente neste contexto Marcos coloca o pedido dos filhos de Zebedeu, João e Tiago. Querem honras, querem poder sentar-se à direita e à esquerda de Jesus na glória. Não sabem o que estão pedindo. No momento em que Jesus vive o espírito de abaixamento, quando pensa em servir a humanidade dando-lhe a vida, dois dos mais íntimos discípulos, dois apóstolos querem honrarias. Um grande contradição...

Os verdadeiros discípulos de Jesus, através dos tempos, foram compreendendo que o sentido da vida é servir, é lavar os pés, é recolher os moribundos de Calcutá, é lavar as chagas dos leprosos, é percorrer as camas das enfermarias, é lutar para que as pessoas tenham pão, escola, comida, vida, vigor, viço. Os que são de Cristo não vivem de aplausos, de elogios. O discípulo não é maior que o Mestre. Se o Mestre serviu, servirá também o discípulo.

Num dos tópicos de suas Regras, Francisco de Assis escreve: “Ninguém se denomine prior, mas todos sem exceção, sejam chamados de irmãos menores. E lavem os pés uns dos outros” (Regra não Bulada VI).

A Igreja sempre precisa aprender esta lição. Leigos, sacerdotes, religiosos, bispos, somos todos servos uns dos outros. A busca de aplausos, o espírito de carreirismo, as posturas que manifestam soberba estão em contradição com o Evangelho. Dietrich Bonhoeffer em seu livro sobre o tema do discipulado, escreve: “O sofrimento é, pois, a característica dos seguidores de Cristo. O discípulo não está acima de seu Mestre (...) Quem não quiser tomar a sua cruz, quem não quiser expor sua vida ao sofrimento e à rejeição por parte dos seres humanos, perde a comunhão com Cristo e não é seu discípulo. Quem, porém, perder a sua vida no discipulado, no carregar da cruz tornará a encontrá-la no próprio discipulado na comunhão da cruz com Cristo. O oposto do discipulado é envergonhar-se de Cristo, envergonhar-se da cruz, escandalizar-se por causa da cruz “. (Discipulado, D. Bonhoeffer, Ed. Sinodal 2004, p.48).

EVANGELHO DO DIA - Marcos 10,32-45

Jesus e os discípulos estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Jesus chamou de novo os Doze à parte e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: «Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará.»
Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: «Mestre, queremos que faças por nós o que vamos te pedir.» Jesus perguntou: «O que vocês querem que eu lhes conceda?» Eles responderam: «Quando estiveres na glória, deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda.» Jesus então lhes disse: «Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber? Podem ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?» Eles responderam: «Podemos.» Jesus então lhes disse: «Vocês vão beber o cálice que eu vou beber, e vão ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É Deus quem dará esses lugares àqueles, para os quais ele preparou.» Quando os outros dez discípulos ouviram isso, começaram a ficar com raiva de Tiago e João. Jesus chamou-os e disse: «Vocês sabem: aqueles que se dizem governadores das nações têm poder sobre elas, e os seus dirigentes têm autoridade sobre elas. Mas, entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.»
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor.

25 de mai. de 2010

Festa de Santa Rita de Cássia 2010 - Encerramento



O amor e a devoção à Santa Rita de Cássia levou inúmeros fiéis ao encerramento da festa em honra à santa das causas impossíveis, no último sábado, dia 22/05/2010. Às 19 horas os fiéis saíram em procissão desde a Matriz de São José até o Santuário de Santa Rita, onde foi celebrada a Missa de encerramento da festa, pelo Padre João Paulo Pereira de Araújo, concelebrada pelo Padre Henock, da Paróquia de Nossa Senhora da Guia, de Acari/RN. Ao final da missa, foi realizada a tradicional bênção das rosas e o arrreamento da bandeira.

DOS QUE DEIXAM TUDO

Eis que nós deixamos tudo e seguimos, disse Pedro a Jesus. E Jesus acena que estes receberão cem vezes agora, ainda nesta vida, e mais ainda a vida eterna. Estamos novamente no tema do seguimento de Jesus.

Seguir a Jesus quer dizer ser seu discípulo. Há um seguimento dos que não se casam, dos que vivem com o mínimo necessário para a vida e estão constantemente em estado de obediência.

Há o seguimento belo na vida de todos os dias e de todos os momentos. A Igreja da América Latina compreendeu que será importante despertar nos fiéis o desejo de serem discípulos seguidores de Jesus e missionários.

1. Jesus, no início de seu ministério, escolhe os Doze para viver em comunhão com ele. Para favorecer a comunhão e avaliar a missão Jesus gosta de se reunir com os seus a sós, em lugares silenciosos. Em outras ocasiões, Jesus se encontrará com eles para falar sobre o Reino, ou seja, para formar seu coração de discípulos. Há essa insistência na intimidade do colóquio. Os discípulos hoje também se formam frequentando a intimidade de Jesus. Assim se alimenta o entusiasmo para a missão.

2. A vocação do discípulo é uma convocação, um chamamento imperioso. Os que são chamados, evidentemente, vão conviver com o Mestre, vão ganhando o jeito do Mestre, regulam as batidas de seu coração com as batidas do coração do Mestre. Há uma sintonia entre discípulo e Mestre.

3. Os que são chamados se dão conta da urgência. Não podem protelar a decisão. Não podem ficar inventando pretextos para não seguir de imediato o Mestre que convoca.

4. “O caminho de formação do seguidor de Jesus lança suas raízes na natureza dinâmica da pessoa e no convite pessoal de Jesus que chama os seus pelo nome e estes o seguem porque lhe conhecem a voz. O Senhor despertava as aspirações profundas de seus discípulos e os atraía a si, maravilhados. O seguimento é fruto de uma fascinação que responde ao desejo de via plena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como mestre que o conduz e o acompanha”.
Trechos do Documento de Aparecida


Francisco gosta de evocar o momento em que começou a servir o Senhor e a segui-lo definitivamente. Foi quando encontrou o leproso: “Foi assim que o Senhor deu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência: como eu estivesse em pecados, parecia-me sobremaneira amargo ver leprosos. E o próprio Senhor me conduziu entre eles, e fiz misericórdia com eles. E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo; e, depois, demorei só um pouco e saí do mundo”.

Felizes aqueles que se tornam discípulos decididos de Cristo Jesus no hoje do mundo. Estes são os que se destinam a uma vida de plenitude.

EVANGELHO DO DIA - Marcos 10,28-31

Pedro começou a dizer a Jesus: «Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.» Jesus respondeu: «Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e da Boa Notícia, vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros.»
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

22 de mai. de 2010

Santa Rita de Cássia

Hoje, 22 de maio, a Igreja celebra o Dia de Santa Rita de Cássia. Aqui em Carnaúba dos Dantas/RN, às 18h30min, estaremos saindo em procissão até o Santuário de Santa Rita de Cássia, onde lá será celebrada a Missa de encerramento do tríduo festivo, com a bênção das rosas.


Rita nasceu no ano de 1381, na província de Umbria, Itália, exatamente na cidade de Cássia. Rita, ainda na infância, manifestou sua vocação religiosa. Diferenciando-se das outras crianças, ao invés de brincar e aprontar as peraltices da idade, preferia ficar isolada em seu quarto, rezando.
Para atender aos desejos de seus pais já idosos, Rita casou-se com um homem de nome Paulo Ferdinando, que, a princípio, parecia ser bom e responsável. Mas, com o passar do tempo, mostrou um caráter rude, tornando-se violento e agressivo. A tudo ela suportava com paciência e oração. Tinha certeza de que a penitência e a abnegação conseguiriam convertê-lo aos preceitos de amor a Cristo. Um dia, Paulo, finalmente, se converteu sinceramente, tornando-se bom marido e pai. Entretanto suas atitudes passadas deixaram um rastro de inimizades, que culminaram com seu assassinato, trazendo grande dor e sofrimento ao coração de Rita.
Dedicou-se, então, aos dois filhos ainda pequenos, que na adolescência descobriram a verdadeira causa da morte do pai e resolveram vingá-lo, quando adultos. Rita tentou, em vão, impedir essa vingança. Desse modo, pediu a interferência de Deus para tirar tal idéia da cabeça dos filhos e que, se isso não fosse possível, os levasse para junto dele. Assim foi. Em menos de um ano, os dois filhos de Rita morreram, sem concretizar a vingança.
Rita ficou sozinha no mundo e decidiu dar um novo rumo à sua vida. Determinada, resolveu seguir a vocação revelada ainda na infância: tornar-se monja agostiniana. As duas primeiras investidas para ingressar na Ordem foram mal-sucedidas. Segundo a tradição, ela pediu de forma tão fervorosa a intervenção da graça divina que os seus santos de devoção, Agostinho, João Batista e Nicolau, apareceram e a conduziram para dentro dos portões do convento das monjas agostinianas. A partir desse milagre ela foi aceita.
Ela se entregou, completamente, a uma vida de orações e penitências, com humildade e obediência total às regras agostinianas. Sua fé era tão intensa que na sua testa apareceu um espinho da coroa de Cristo, estigma que a acompanhou durante quatorze anos, mantido até o fim da vida em silencioso sofrimento dedicado à salvação da humanidade.
Rita morreu em 1457, aos setenta e seis anos, em Cássia. Sua fama de santidade atravessou os muros do convento e muitos milagres foram atribuídos à sua intercessão. Sua canonização foi assinada pelo papa Leão XIII em 1900.
A vida de santa Rita de Cássia foi uma das mais sofridas na história da Igreja católica, por esse motivo os fiéis a consideram a "santa das causas impossíveis". O seu culto é celebrado em todo o mundo cristão, sendo festejada no dia 22 de maio, tanto na Igreja do Ocidente como na do Oriente.

AMANHÃ É A SOLENIDADE DE PENTECOSTES

Jesus fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não caberiam nos mundo os livros que deveriam ser escritos.

Este é o final do quarto evangelho que é lido na véspera da Solenidade de Pentecostes.

Sirva-nos de preparação para a solenidade as reflexões de Enzo Bianchi:

Reunião dos filhos de Deus dispersos, antiBabel, a festa de Pentecostes é o começo dos últimos tempos da Igreja. Em Babel produziu-se a confusão das línguas e a tentativa de reunir o céu à terra pela construção de uma torre que subiria ao céu. Em Pentecostes produz-se o milagre das línguas entendidas e compreendidas por todos, e é o Espírito que desce para colocar Deus e os homens em comunicação, em comunhão. É o milagre da compreensão reencontrada numa única palavra. Sim, as línguas dos homens permanecem diferentes. Essa pluralidade de línguas, de culturas, de histórias não se confundiu. Mas o Espírito Santo criou uma unidade articulada, plural: o único corpo do Senhor que é a Igreja, se compõe de numerosos dons e de numerosos membros. A diversidade deve subsistir sem anular a unidade. A unidade deve se afirmar sem suprimir a multiplicidade.

O milagre das línguas suscitado pelo Espírito indica à Igreja sua tarefa de conciliar a unidade da Palavra de Deus com a multiplicidade dos modos segundo os quais deve ser vivida e anunciada na única comunidade dos fiéis e entre todos os povos.

Desse modo, a Igreja não procurará impor-se por uma linguagem própria, mas introduzir-se-á nas linguagens dos outros homens para anunciar as maravilhas de Deus em suas formas próprias e modalidades de compreensão.

O Espírito derramado em Pentecostes compromete a Igreja ainda hoje, a criar caminhos e a inventar maneiras de ser que façam da alteridade motivo não de conflito e de inimizade, mas de comunhão. Assim, a Igreja e toda a comunidade cristã poderão ser sinal do Reino universal que virá e ao qual é chamada a humanidade inteira através ( e não apesar) de diferenças que a permeiam. Tudo isso afina a sensibilidade que os cristãos devem manifestar para o ecumenismo e o diálogo com as outras religiões. A consciência as raízes judaicas da fé cristã, da judaicidade perene de Jesus, de Israel como Povo da Aliança nunca cancelada e, ao mesmo tempo, a consciência da destinação universal da salvação cristã, da multiplicidade dos povos e das culturas em que o Evangelho deve ser semeado deveriam fazer parte da bagagem de todo cristão adulto. Igualmente, a certeza de que o ecumenismo é um elemento constitutivo da fé do batizado deveria também estar incluída. O cristão é chamado, como discípulo, a orar e agir para suprimir o escândalo da divisão entre os cristãos.


Enzo Bianchi, Dar sentido ao tempo (As grandes festas cristãs), Ed. Loyola, São Paulo, 2007, p. 87-88.

EVANGELHO DO DIA - João 7,37-39

No último dia da festa, que é o mais solene, Jesus ficou de pé e gritou: «Se alguém tem sede, venha a mim, e aquele que acredita em mim, beba. É como diz a Escritura: ‘Do seu seio jorrarão rios de água viva’.» Jesus disse isso, referindo-se ao Espírito que deveriam receber os que acreditassem nele. De fato, ainda não havia Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.
PALAVRA DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

21 de mai. de 2010

"Nasci depois de um estupro. Não posso ser a favor do aborto!", afirma deputada





A Deputada Fátima Pelaes durante reunião que aprovou o Estatuto do Nascituro na Comissão de Seguridade e Família na última quarta-feira, 19 de maio, comoveu os deputados na Comissão de Seguridade e Família que aprovou o texto substitutivo deste projeto ao compartilhar que ela mesma foi concebida depois de um estupro e ainda assim sua mãe optou por não abortá-la. Por isso, hoje Fátima luta pelo direito à vida desde a concepção, seja qual for a circunstância em que esta seja ocasionada.

O projeto define o direito à vida desde a concepção e protege o nascituro contra qualquer forma de discriminação que venha privá-lo do seu direito a nascer.
A deputada conta que veio à luz num presídio misto e viveu aí por três anos após um ato de violência sexual sofrido por sua mãe.

Fátima Pelaes, deputada pelo Estado do Amapá, militante pelas causas das mulheres, das crianças e dos adolescentes foi quem relatou a CPI sobre o extermínio de crianças e adolescentes (1992), presidiu a CPI que investigou a mortalidade materna no Brasil (2000/2001) e criou a lei, de 2002, que estendeu a licença-maternidade para mães adotivas. No dia 19 de maio, durante a sessão da Comissão de Seguridade e Família na Câmara dos Deputados em Brasília, quando ainda estava em pauta o Estatuto do Nascituro, Fátima tomou do microfone e contou ser fruto de um estupro realizado dentro da prisão.

Sua mãe quis abortá-la, a princípio, mas decidiu por sua vida e para isto ela nasceu: para que sua história pudesse salvar a história de muitos outros, muitas outras. “Nasci depois de um estupro. Não posso ser a favor do aborto , relatou.

Quando ela acabou de falar, todos estavam chorando, emocionados. O deputado Arnaldo Faria de Sá tomou o microfone e convocou uma resposta à altura do depoimento de Fátima: “Senhores, depois deste testemunho como não ser a favor da vida dos nascituros?”
Os deputados pró-vida defenderam a urgência da aprovação do projeto durante a acalorada votação. Os deputados abortistas denunciavam falsamente que o Estatuto do Nascituro tinha por objetivo criminalizar as mulheres e revogar o Artigo 128 do Código Penal, que autoriza o aborto praticado por médico em casos de estupro e de risco de vida para a mãe.

Mesmo assim, depois de quatro horas de discussão foi finalmente aprovado, por esta comissão, o texto substitutivo do Estatuto do Nascituro. O projeto define o direito à vida desde a concepção e protege o nascituro contra qualquer forma de discriminação que venha privá-lo do seu direito a nascer, mesmo em razão de deficiência física ou mental, ou ainda por causa de delitos cometidos por seus genitores. Agora o projeto de lei inicialmente formulado pelos deputados Luiz Bassuma e Miguel Martini segue para a Comissão de Finanças e Tributação e depois para a Comissão de Constituição.

Sendo aprovado por lá o projeto será encaminhado para votação no plenário e por último é entregue para a sanção do presidente da república. Fontes do Movimento Defesa da Vida de Porto Alegre contam o voto da relatora do projeto, a deputada Solange Almeida na sessão de ontem: “Portanto, o projeto de lei em exame, com os aperfeiçoamentos constantes do presente substitutivo, pretende tornar realidade esses relevantes objetivos, quais sejam, os de proteção e promoção da pessoa humana em sua fase de vida anterior ao nascimento, quando é designada pelo termo “nascituro”, com todas as benéficas repercussões para o futuro de sua vida. Isso interessa não só ao indivíduo e sua família, mas também à nação. Parece evidente, pois, sua plena compatibilidade com os objetivos fundamentais da República, nos termos estabelecidos no art. 3º, itens I a IV, da Constituição Federal”.Apesar desta primeira vitória pró-vida os membros do MDV encorajam a seguir a mobilização dos deputados e parlamentares que votarão o projeto nas seguintes sessões.

OS QUE APASCENTAM PRIMEIRO PRECISAM AMAR

Pedro, depois da ressurreição do Senhor, depois de sua queda, foi novamente chamado a seguir o Senhor e apascentar as ovelhas. Só podem ser bons pastores os que amam o Pastor. No momento da partida, Jesus confia a Pedro suas ovelhas. Sirvamo-nos de tema de reflexão esta página luminosa de Santo Agostinho:

Eis que o Senhor depois de sua ressurreição, aparece novamente aos discípulos. Interroga Pedro e o obriga a confessar três vezes seu amor, a ele que por medo, três vezes o negara. Cristo ressuscitou na carne, e Pedro segundo o espírito, pois enquanto o Senhor morria sofrendo, Pedro morria negando. Cristo Senhor ressuscitou dentre os mortos, e Pedro ressuscitou graças ao amor de Jesus para com ele. Àquele que agora o confessava, interrogou sobre seu amor e confiou-lhe as ovelhas. Mas, o que Pedro dava a Cristo, pelo fato de amar a Cristo? Se Cristo te ama, o proveito é teu, não de Cristo. Se amas a Cristo, é ainda proveito teu, não de Cristo. Entretanto, o Senhor, querendo mostrar como os homens devem provar que o amam, manifesta-o claramente, mencionando suas ovelhas: Tu me amas? - Eu te amo. Cuida das minhas ovelhas (Jo 21, 26.17). Perguntou uma, duas, três vezes. Pedro nada lhe respondeu a não ser que amava. O Senhor nada lhe perguntou a não ser se ele o amava. Cristo não confia a Pedro coisa alguma senão o pastoreio de suas ovelhas. Amemo-nos, e estaremos amando a Cristo.

Com efeito, ele que é Deus eternamente, nasceu como homem no tempo. Apareceu aos homens como um homem e filho do homem, realizou muitos milagres. Enquanto homem, padeceu muitos sofrimentos da parte dos homens, mas ressuscitou depois da morte, porque Deus estava no homem.

Passou ainda quarenta dias na terra, homem no meio dos homens. Depois, perante aos seus olhos, subiu aos céus como Deus no homem, lá onde está sentado à direita do Pai. Tudo isso nós cremos, embora não vejamos. Recebemos ordem de amar a Cristo Senhor, a quem não vemos, e exclamamos todos, dizendo: Eu amo Cristo.

Quem não ama seu irmão, a quem vê, como poderá amar a Deus que não vê? (1Jo 4,20). Mostra que amas o Pastor, amando as ovelhas, pois as ovelhas são membros do pastor. Para que as ovelhas fossem seus membros, dignou-se ser ovelha; para que as ovelhas fossem seus membros, foi como um cordeiro levado ao matadouro (Jo 1,29). Mas esse cordeiro possui muita força. Queres saber quanto é forte? O cordeiro foi crucificado e o leão foi vencido. Lecionário Monástico III, p.206-208

O Senhor interroga Pedro não apenas uma vez, mas duas e três vezes sobre o que já sabia: se ele o ama. De todas as vezes, ouve uma só resposta: sim. Pedro o ama. E em todas elas confia a Pedro o pastoreio de suas ovelhas. A tríplice confissão apaga a tríplice negação, para que a palavra não sirva menos ao amor do que ao temor; e não pareça que a iminência da morte o tenha obrigado a falar mais do que a presença da vida. Seja serviço de amor apascentar o rebanho do Senhor, como foi prova de temor negar o pastor. Lecionário Monástico III, p. 209.

EVANGELHO: João 21,15-19

Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.» Jesus disse: «Cuide dos meus cordeiros.» Jesus perguntou de novo a Pedro: «Simão, filho de João, você me ama?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.» Jesus disse: «Tome conta das minhas ovelhas.» Pela terceira vez Jesus perguntou a Pedro: «Simão, filho de João, você me ama?» Então Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Disse a Jesus: «Senhor, tu conheces tudo, e sabes que eu te amo.» Jesus disse: «Cuide das minhas ovelhas. Eu garanto a você: quando você era mais moço, você colocava o cinto e ia para onde queria. Quando você ficar mais velho, estenderá as suas mãos, e outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir.» Jesus falou isso aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus. E Jesus acrescentou: «Siga-me.»
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

20 de mai. de 2010


Festa de Santa Rita

Começou hoje à noite (20/05), em nossa cidade, o tríduo solene em honra a Santa Rita de Cássia. A festa iniciou-se com uma bonita procissão, partindo da Matriz de São José até o Santuário de Santa Rita, onde aconteceu a celebração da Santa Missa. Apesar da falta de energia no local, a celebração contou com a presença de muitos devotos daquela que é considerada a santa das causas impossíveis.
A festa tem continuidade amanhã, no santuário, com celebração às 19 horas da Santa Missa e novena, e, no sábado (22/05), acontecerá o encerramento, com procissão partindo da matriz até o santuário, também às 19 horas, onde lá será realizada a bênção das rosas e celebração da Missa solene da festa.
Santa Rita, Padroeira dos casos desesperados, reza por nós!
Santa Rita, Advogada dos casos impossíveis, intercede por nós!

O príncipe e o mendigo

Um príncipe, saindo um dia a passeio, passou bem perto de um mendigo que lhe pediu uma esmola dizendo: - Faça a caridade a um pobre irmão.
O príncipe parou, olhou o pobre e disse: - Eu não tenho irmãos pobres.
O mendigo replicou: - Nós somos todos irmãos em Jesus Cristo.
O príncipe lhe deu uma moeda de ouro. E assim fez por dez dias em seguida. No décimo primeiro dia, o príncipe resolveu disfarçar-se de mendigo e passando perto do outro lhe disse: - Faça a caridade a um pobre irmão.
O verdadeiro mendigo respondeu com raiva: - Eu não tenho irmãos.
Então o príncipe se revelou como tal e respondeu: - Entendi; você é irmão só de príncipes. E pegou de volta as dez moedas.

No dia de Pentecostes refletimos sobre o dom do Espírito Santo que Jesus deixou para os seus amigos. O Divino Espírito Santo é, podemos dizer assim, o “dom dos dons” ou, se preferirmos, o dom que dá sentido e força a todos os outros dons. Hoje se fala muito dos dons do Espírito Santo, também conhecidos como “carismas”. São Paulo, nas suas cartas, fez muitas listas desses dons; nós poderíamos também juntar outros. Não porque inventamos esses dons, mas simplesmente porque tudo o que nós temos recebido de qualidades e capacidades, a começar por nossa própria vida, pela fé e pelo amor, é algo que ganhamos de presente da bondade de Deus. Em outras palavras: se tudo o que temos e somos é dom de Deus, também tudo isso deveria ser colocado a serviço dos nossos irmãos. Deveríamos saber doar o que recebemos em dom. Afinal, fazer da nossa existência um dom “bom” para os outros é seguir, de perto, os passos do Mestre Jesus que não poupou a sua própria vida. Nós também deveríamos usar para o bem o que somos e temos.
Nem sempre é assim. Se usarmos dos dons recebidos exclusivamente para a nossa vantagem, ou para alguns escolhidos, estamos aproveitando somente parte das possibilidades que temos. Quanta inteligência é usada só para proveito próprio ou, muitas vezes, para enganar os outros menos expertos? Quanta bondade fica trancada entre as paredes de uma casa, pela incapacidade de sair para doá-la aos outros? Quantas vezes a nossa generosidade não consegue sair do nosso grupo, dos nossos amigos, dos que gostamos, como se os outros não existissem e não precisassem também ser amados? Somos bons, mas não amamos bastante. Selecionamos tanto os que decidimos amar que no fim reduzimos a quase nada o nosso amor. Desconfiança? Medo? Ou talvez porque não queremos doar um pouco do que recebemos. Ainda não entendemos a beleza e a riqueza do dar e receber por amor.
Isso acontece também nas nossas paróquias, comunidades, grupos e movimentos. Se quiserem interpretá-lo assim, é um apelo que eu faço. Há muita bondade e muitas capacidades entre nós. Há criatividade, fartura de arte, de oração fraterna. Temos muitas idéias e propostas que, se fôssemos mais unidos, poderiam mudar ao menos alguma coisa ao nosso redor. Mas tudo isso não sai de nossa casa, do nosso grupo, do círculo fechado das mesmas pessoas. Quem tem algo bom deve saber doá-lo também aos outros. Deve aprender a caminhar junto com os outros, num intercâmbio de dons; no diálogo, na paciência, na comunhão. Não podemos nos fechar somente no nosso grupo de “amigos”, que pensam como nós, nos agradam e nos fazem sentir bem. Existem também os outros, com e para os quais vale o mesmo. Os dons crescem e se multiplicam quando são trocados. Dando bom exemplo estimulamos os outros. Oferecendo uma boa palavra enriquecemos quem estava precisando. Mas também escutando o que outros dizem e conhecendo o que os outros fazem, aprendemos sempre alguma coisa nova. Ficamos felizes com as coisas boas que sabemos fazer, porém deveríamos também nos alegrar com o bem que outros fazem.
É fácil ser amigo de príncipes para pedir ou exigir; devemos aprender a sermos amigos, também, dos outros mendigos para dar e trocar um pouco do que recebemos. Com certeza descobriremos que todos nós somos mais ricos do que pensávamos e, ao mesmo tempo, sempre tão necessitados de aprender com os outros. Os dons oferecidos enriquecem a todos. Vamos ficar todos príncipes. Mendigo continua sendo aquele que não sabe doar nada, ou pouco demais.

Dom Pedro José Conti

VEM AÍ A FESTA DO ESPÍRITO

Na Liturgia da Missa de hoje, a Igreja continua a ler a Oração Sacerdotal de Jesus, enquanto se prepara para a solenidade de Pentecostes.

Pai santo, eu não te rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela tua palavra; para que todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu em ti e para que estejam em nós, afim de que o mundo creia que tu me enviaste.
O Espírito que vem é artífice da unidade. Resta-nos deixar que o Espírito trabalhe em nós:

• Ser livre no Espírito Santo é descobrir-se amado por Deus, amado com um amor louco, e assim poder se desarmar, se espoliar, se libertar do ressentimento e do medo e ser capaz de acolher como Deus nos acolhe, de discernir e de servir em todo homem e em toda situação histórica as oportunidades de vida. Importa saber que a liberdade última, aquela que não deixa a história fechar-se sobre si mesma e introduz em seu tecido um rasgão de eternidade é o martírio (testemunho). Este se apresenta sob muitas modalidades, algumas pouco espetaculares, mas totalmente essenciais. Quem aceita morrer para testemunhar que Cristo é o Senhor e não César, ou seja o homem individual ou coletivo, aquele que aceita livremente esta última espoliação para se assemelhar à cruz luminosa, esse é livre no Espírito Santo e prepara a explosão do Espírito e da liberdade, que será o retorno de Cristo na glória, nosso Libertador (Olivier Clément).

• Nunca será possível haver evangelização sem ação do Espírito Santo. Sobre Jesus de Nazaré, esse Espírito desceu no momento do batismo, ao mesmo tempo que a voz do Pai – Este é o meu Filho no qual eu ponho as minhas complacências - manifestava de maneira sensível a eleição e a missão do mesmo Jesus (...). Nós vivemos na Igreja um momento privilegiado do Espírito. Procura-se por toda parte conhecê-lo melhor, tal como a Escritura o revela. De bom grado as pessoas se colocam sob sua moção. Fazem-se assembléias em torno dele. Aspira-se, enfim, a deixar-se conduzir por ele. É um fato que o Espírito de Deus tem um lugar eminente em toda a vida da Igreja: mas é na missão evangelizadora da Igreja que ele mais age. Não foi por puro acaso que o grande impulso em vista da evangelização aconteceu na manhã de Pentecostes, sob a inspiração do Espírito. Pode-se dizer que o Espírito Santo é o agente principal da evangelização: é ele que no mais íntimo das consciências leva a aceitar a Palavra da salvação (Paulo VI, Evangelii nuntiandi, n. 75).


Quem se encontra nas trevas, ao nascer do sol, recebe nos olhos a sua luz começando a enxergar as coisas que até então não via. Assim também, aquele que se tornou digno do Espírito Santo recebe na alma a sua luz e, elevado acima da inteligência humana, começa a ver o que antes ignorava (São Cirilo de Jerusalém).

EVANGELHO DO DIA - João 17,20-26

«Eu não te peço só por estes, mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste. Eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade, e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste, como amaste a mim. Pai, aqueles que tu me deste, eu quero que eles estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória que tu me deste, pois me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te reconheceu, mas eu te reconheci. Estes também reconheceram que tu me enviaste. E eu tornei o teu nome conhecido para eles. E continuarei a torná-lo conhecido, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles.»
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

19 de mai. de 2010

A LECTIO DIVINA

A “Lectio Divina” é uma expressão latina já presente e consagrada no vocabulário católico, que pode ser traduzida como “leitura divina”, “leitura espiritual”, ou ainda como ocorre hoje em nosso país e em vários escritos atuais, como “leitura orante da Bíblia”. Ela é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir deste exercício, conscientes do plano de Deus e a Sua vontade, pode-se produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio Divina é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus. Os princípios da Lectio Divina foram expressos por volta do ano 220 e praticados por monges católicos, especialmente as regras monásticas dos santos: Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. O tempo diário dedicado à lectio divina sempre foi grande e no melhor momento do dia. A espiritualidade monástica sempre foi bíblica e litúrgica. A sistematização do método da lectio divina nós encontramos nos escritos de Guigo, o Cartucho, por volta do século XII.

A Lectio Divina tradicionalmente é uma oração individual, porém, pode-se fazê-la em grupo. O importante é rezar com a Palavra de Deus, lembrando o que dizem os bispos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica – que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Monges diziam que a Lectio Divina é a escada espiritual dos monges, mas é também de todo o cristão. O Papa Bento XVI fez a seguinte observação num discurso de 2005: “Eu gostaria, em especial, recordar e recomendar a antiga tradição da Lectio Divina, a leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada da oração que traz um diálogo íntimo em que na leitura, se escuta Deus que fala e, rezando, responde-lhe com confiança a abertura do coração”.

O Concílio Vaticano II, em seu decreto Dei Verbum 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio Divina, retomando essa antiquíssima tradição da Igreja Católica. O Concílio exorta igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, especialmente aos religiosos, que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, alcancem esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). Porquanto, “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo” (São Jerônimo, Comm. In Is., prol).

O método mais antigo e que inspirou outros mais recentes, é que, seja pessoalmente, em comunidade ou no círculo bíblico nós comecemos a reflexão com a Palavra de Deus e que, depois da invocação do Espírito Santo, segue os passos tradicionais: 1- Lectio (Leitura); 2- Meditatio (Meditação); 3- Oratio (Oração) e 4- Contemplatio (Contemplação). Existem outros métodos que, inspirados aqui, procuram ajudar o cristão a acolher em sua vida a Palavra de Deus e a colocar em prática no seu dia a dia. Em nossa 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio último, além de tratar como tema central a “Palavra de Deus”, proporcionou aos Bispos, na manhã do domingo, dia 9, um tempo para lerem, meditarem e rezarem com esse método. A mensagem que foi publicada sobre o tema central está baseada justamente nesse clima. Chegou o momento de passarmos a colocar em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a Palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta.

O método tradicional é simples: são quatro degraus – “a leitura procura a doçura da vida bem-aventurada; a meditação a encontra; a oração a pede, e a contemplação a experimenta. A leitura, de certo modo, leva à boca o alimento sólido, a meditação o mastiga e tritura, a oração consegue o sabor, a contemplação é a própria doçura que regala e refaz. A leitura está na casca, a meditação na substância, a oração na petição do desejo, a contemplação no gozo da doçura obtida.” (Guigo, o Cartucho, Scala Claustralium).

Portanto, quanto à leitura, leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Sagrada Escritura (aconselha-se que nas primeiras vezes utilizem-se os textos dos Evangelhos). Leia o texto quantas vezes e versões forem necessárias. Procure identificar as coisas importantes desta perícope: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. É importante identificar tudo com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com aplicação de espírito.

Quanto à Meditatio, começa, então, diligente meditação. Ela não se detém no exterior, não pára na superfície, apóia o pé mais profundamente, penetra no interior, perscruta cada aspecto. Considera atenta sobre o que esta Palavra está iluminando minha vida e a realidade em que vivo hoje. Quais são as circunstâncias que ela me questiona e me incentiva? Depois de ter refletido sobre esses pontos e outros semelhantes no que toca à própria vida, a meditação começa a pensar no prêmio: Como seria glorioso e deleitável ver a face desejada do Senhor, mais bela do que a de todos os homens (Sl 45,3), não mais tendo a aparência como que o revestiu sua mão, mas envergando a estola da imortalidade, e coroado com o diadema que seu Pai lhe deu no dia da ressurreição e de glória, o dia que o Senhor fez (Sl 118,24).

Quanto à Oratio, toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai ao coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade. Vendo, pois, a pessoa que não pode por si mesma atingir a desejada doçura de conhecimento e da experiência, e que quanto mais se aproxima do fundo do coração (Sl 64,7), tanto mais distante é Deus (cf. Sl 64,8), ela se humilha e se refugia na oração. E diz: Senhor, que não és contemplado senão pelos corações puros, eu procuro, pela leitura e pela meditação, qual é, e como poder ser adquirida a verdadeira doçura do coração, a fim de por ela conhecer-te, ao menos um pouco.

Quanto ao último passo, a Contemplatio: desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranquilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus! Mas em todas as circunstâncias será uma maneira de ver Deus presente na história e em nossa vida! “Ele recria a alma fatigada, nutre a quem tem fome, sacia sua aridez, lhe faz esquecer tudo o que não é terrestre, vivifica-a, mortificando-a por um admirável esquecimento de si mesma, e embriagando-a sóbria a torna” (Guido, o Cartucho).

Há uma preocupação grande com a vida prática, com a conversão, de modo que muitas vezes se costuma acrescentar a “actio”, ou seja, ação junto com a contemplação. Os temores de uma vida “alienada” podem ser sempre apresentados em todas as circunstâncias, mas quando se aprofunda realmente na Palavra de Deus e se crê que ela é como uma espada de dois gumes que penetra no mais profundo de nosso ser e que também ilumina nossa vida e nosso caminho, teremos certeza de que ela ilumina a nossa estrada e nos conduz com a graça de Deus por uma vida nova.

Portanto, diante deste patrimônio da nossa Igreja que é este método da Lectio Divina, desejo a todos que inspirados na mensagem que os Bispos enviaram acerca do tema central da 48º Assembleia, possamos todos nós aprofundar a Leitura Orante da Bíblia, que, aproximando-nos da Palavra de Deus, encontremos os caminhos da vida dos cristãos hoje, neste início de milênio, que, diante da atual mudança de época, respondamos com uma vida nova, haurida nas escrituras sagradas, que nos comunicam a Palavra eterna, o Verbo eterno, Jesus Cristo, nosso Senhor!

Dom Orani João Tempesta

OS CRISTÃOS NÃO SÃO DO MUNDO

Continuamos a meditar na Oração Sacerdotal de Jesus. Ele apresenta ao Pai seus derradeiros pedidos antes de entrar na Paixão.

Que eles sejam um. Um dos sinais distintivos do cristão é ser aquele que busca a unidade. Há essa unidade entre os católicos, com os outros cristãos, com aqueles que buscam a Deus por outras estradas e com os homens de boa vontade. O tema da unidade está vinculado à vinda do Espírito. Com a sua chegada houve o milagre das línguas. Assim como o Pai e o Filho são um, assim também haverá a unidade entre os que são de Cristo. Esta é uma semana em que costumamos rezar pela unidade dos cristãos.

Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os rejeitou, porque não são do mundo como eu não sou do mundo. Jesus lembra ao Pai que santificara os que ele lhe tinha dado. “Esta santificação implica que, estando no mundo, não (mais) pertencemos ao mundo. É um dos paradoxos da existência cristã. Quanto mais cristã, tanto mais atuante no mundo e, porém, menos dependente dele: os dois pés no chão, os olhos erguidos para o céu. O mundo para João é o mundo com tendência de se fechar a Deus; portanto odeia os filhos de Deus. Por outro lado, é o mundo, onde vivem os que são chamados a se tornarem filhos de Deus. Por isso, os fiéis devem estar presentes no mundo. Jesus não pede que sejam tirados daí, mas que sejam testemunhas de um amor que não é deste mundo. Por isso, serão diferentes.

Tudo isso, Jesus lhes disse para que, na sua ausência, não sejam abalados em sua alegria, mas antes a possuam em plenitude” (J. Konings, Liturgia Dominical, Vozes, p. 255).

Que luta! Os discípulos de Jesus não podem descansar. Há esses inícios deslumbrantes, comoventes, sensíveis. Muitos de nós, em nossos dias de jovens, descobrimos a fascinante figura de Cristo caminhando ao nosso lado. E lhe demos tudo. Mais não era possível. Sentíamos e sentimos que éramos e somos dele. Mas a caminhada da vida é longa, desgastante. O espírito do mundo também nos seduz: os primeiros lugares, o gozo, a fama, os aplausos, o dinheiro, o descanso em nosso canto, o lucro, o esquecimento dos que estão jogados à beira do caminho... O mundo mal nos cerca.

Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. Sim, os cristãos estão no mundo. Eles se casam, têm filhos, têm contas bancárias. Comem, dormem, sofrem. Tomam conduções, percorrem estradas, trabalham em hospitais, fazem pesquisas. Vivem no mundo, mas são diferentes. Têm os pés na realidade, mas os olhos voltados para o alto. Sabem que são enviados ao mundo para que este possa ser de Cristo.

EVANGELHO DO DIA - João 17,11-19

Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos para o céu e rezou, dizendo: "Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um. Quando eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, o nome que tu me deste. Eu os protegi e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Agora eu vou para junto de ti. Entretanto, continuo a dizer essas coisas neste mundo, para que eles possuam toda a minha alegria. Eu dei a eles a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo. Não te peço para tirá-los do mundo, mas para guardá-los do Maligno. Eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo. Consagra-os com a verdade: a verdade é a tua palavra. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os envio ao mundo. Em favor deles eu me consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a verdade."
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

18 de mai. de 2010

EUCARISTIA, SACRAMENTO DE UNIDADE


Toda a vida nos conduz à Eucaristia! Esta é uma das conclusões a que chegamos quando conhecemos um pouco mais sobre ela, pois todas as coisas nos conduzem a Cristo. Cristo é a Eucaristia! Temos o costume de dizer que vamos assistir à Missa, como se a Missa fosse uma representação teatral e sagrada da Última Ceia. A Santa Missa não é uma ação para ser assistida por devotos espectadores, mas é ação para ser celebrada por irmãos. Quem assiste à Missa corre o risco de permanecer no egoísmo, pois esta mentalidade não abre nenhum de nós para a vivência comunitária e fraterna da fé. Diferente de quando nós celebramos a Missa, juntos: vamos à Missa e ela é nossa, somente nossa, sem ser minha nem sua. A Missa é sempre nossa! A Missa é sempre Sacramento de Unidade!
A Eucaristia é Cristo e, por isso, é Sacramento de Unidade. Cristo, sacramento inteiro de Deus! A unidade não é a reunião das individualidades, mas é a comunhão de todos os que formam um só corpo e um só espírito! O ser humano percebe muito facilmente quando as coisas não estão inteiras. A vida não pode estar inteira quando não está aberta para o Criador e Pai. A nossa vida não pode ser inteira se nós nos fechamos para a fé. Há quem pense que a fé é um limite que Deus impõe aos nossos desejos e às nossas aspirações, mas a fé é a vida que se abre para os desafios do amor a Deus e ao próximo: fazer o bem a quem não sabe senão fazer o mal, abençoar os que nos amaldiçoam, promover o ser humano sem demagogias, querer sempre o bem comum, oferecer a paz aos violentos.
Outro engano, como assistir à Santa Missa, é pensar que a Eucaristia se resume ao pão e ao vinho que consagramos. Se, verdadeiramente, a Eucaristia é o corpo e o sangue de Cristo, então a Eucaristia faz a vida humana ganhar dimensões de eternidade desde agora. Tudo o que é humano faz parte da Eucaristia, por isso, todas as coisas nos conduzem a Cristo. A Eucaristia não é uma ação para ser assistida, mas para ser celebrada. Todas as coisas nos conduzem a Cristo e a Eucaristia nos envia para cristianizar todas as coisas, tudo o que somos, tudo o que fazemos. A Eucaristia é uma celebração enquanto todos juntos e é uma missão depois que somos despedidos.
Nesses dias, em que a Igreja do Brasil está celebrando o XVI Congresso Eucarístico Nacional, em Brasília, por ocasião dos 50 anos de fundação da Capital Federal, nós todos somos os novos discípulos de Emaús e rezamos: “Fica conosco, Senhor” (Lc 24,29). Não queremos nossa vida pela metade; não queremos nossa alma pela metade; não queremos nossa inteligência pela metade; não queremos nossa fé pela metade. Por isso, queremos a Eucaristia. Cristo nos quer inteiros e somente a lição que ele nos propõe é capaz de unir os corações e unificar os irmãos em torno da paz. Sem Cristo, não é possível ver concretizado o sonho de pão partilhado fraternalmente pelos brasileiros em todas as mesas. Sem a Eucaristia, sacramento de unidade, como é que nós vamos aprender a organizar nosso povo em torno da democracia, a distribuir as oportunidades com justiça, a fazer valer com igualdade os direitos de cada um?! “As lições que melhor educam, na Eucaristia, é que nos dais”, como nós cantamos na entrada da Missa “Apelos da Eucaristia” (Frei Luiz Turra).
Se Cristo for a nossa vida, se aprendermos a celebrar juntos a Eucaristia, então viveremos melhor em família, e nossas vidas, com o tempo, serão transfiguradas pelo poder que faz pão e vinho serem Corpo e Sangue de Cristo. Não é um passe de mágica, mas é uma perseverança constante que vai se tornando realidade cada vez mais possível. A Eucaristia nos faz ver a vida como ela é, com seus cortes e sangrias, mas nos faz sentir que, mesmo sem saber como serão as lutas, a vitória é garantida, pois Cristo está sempre conosco, ele está no meio de nós, mais ainda quando pedimos: “Fica conosco, Senhor”.
Desejo que cada irmão e irmã da Diocese de Caicó se esforce para ser mais eucarístico, não somente no tempo em que está celebrando a Eucaristia, em nossas igrejas, mas na vida nossa de cada dia. Ser eucarístico é ser discípulo de Cristo para aqueles que caminham conosco nas estradas do mundo rumo ao céu e o ápice da Eucaristia é dar a própria vida (cf. Jo 15,13).

Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap
Bispo Diocesano de Caicó