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21 de fev. de 2011

A solução é a não-violência

A natureza da violência tende a propagá-la. Com toda razão se diz: “violência gera violência”. Facilmente observamos em toda parte como esta afirmação é verdadeira. Alguém que sofre algum tipo de constrangimento e se sente agredido, ferido moralmente ou fisicamente, como reação de autodefesa, parte para revidar a agressão sofrida. A lei natural do instinto é assim: “olho por olho, dente por dente”. Neste esquema, tão antigo e tão atual, o fenômeno da violência só faz crescer.
O círculo vicioso da violência vai minando a base da convivência entre as pessoas, tirando-lhe a paz e a possibilidade de construir um mundo, baseado na justiça e na harmonia. Por causa, deste clima de desrespeito à pessoa, o ambiente social torna-se hostil, pesado, cheio de desconfiança, levando as pessoas ao fechamento. Apesar de estarmos no tempo da comunicação, a desconfiança é grande. São muitos que sofrem com as doenças da ansiedade, depressão, falta de ânimo para conviver com os outros, isolamento.
Para superar este clima são várias as opções: buscar alternativas de segurança como viver em condomínios fechados, casas gradeadas, muros altos, cercas elétricas, vigilâncias com tantas tecnologias modernas. Tudo isso para obter certo sentimento de segurança.
Alguns procuram festas, terapias de socialização, outros apelam para bebidas e drogas, o que só faz piorar a situação. Há também aqueles que buscam a fé, a escuta da Palavra de Deus e o inserir-se num grupo ou comunidade religiosa. Certamente, esta é uma opção louvável!
A Palavra de Deus aponta para a raiz da violência que está na relação entre as pessoas. O que fazer, então, para enfrentar esta situação? A raiz da violência começa dentro de cada um. É aí que se deve prestar atenção para não se deixar contaminar pelo vírus da raiva, do ódio e da vingança. Quando alguém é tomado por estes sentimentos, perde a razão e parte para a agressão, numa tentativa de fazer justiça com as próprias mãos.
No entanto, se alguém lhe dirige palavras agressivas e você reage com calma, sem alterar a voz, procurando entender o que está acontecendo, isto lhe será favorável. Você terá condições de dominar a situação e contornar as coisas.
O Evangelho ensina como reagir e se comportar diante de pessoas malvadas. “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!” Jesus, porém, diz: “não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!” Este ensinamento do Senhor Jesus, pode causar estranheza! Dar o rosto para o inimigo bater! Para se ter uma atitude desta, tem que ser muito consciente do seu poder de rejeitar o mal e fazer o bem. Este é o jeito de anular o ímpeto do malvado e oferecer-lhe a possibilidade de mudar de atitude. Evidentemente, isto não é nenhuma técnica de enfrentar assaltantes. Mas, ajuda a entender que a melhor atitude é não reagir. Não somente diante de assaltantes perigosos, mas diante de qualquer agressor, mesmo dentro da própria casa. A não-violência é a melhor resposta para qualquer violência. A sustentação desta afirmação encontra apoio no ensinamento de Jesus: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu porém vos digo: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” (Mt 5,43). A prática do mandamento do amor como Jesus transmite é o melhor antídoto para qualquer tipo de violência e para se construir a paz.

Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz
Bispo de Caicó – RN