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2 de nov. de 2010

DIA DE FINADOS - Comemoração de todos os fiéis defuntos

A Igreja desde o início cultivou com grande piedade a memória dos mortos e ofereceu a eles orações. Desde o século I, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar aos mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava. Também o abade de Cluny, na França, santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. O grande número de mosteiros beneditinos ligados a Cluny favoreceu a ampla difusão dessa comemoração em muitos países da Europa setentrional. Desde o século XI os papas Silvestre II (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. Em 1311, em Roma, foi declarada oficialmente a memória anual dos mortos que passa a ser comemorado em 02 de novembro, porque 1° de novembro é a Festa de Todos os Santos.
O dia de Finados é um convite a olhar a morte com os olhos da fé e não com o olhar de desespero. Somos enviados a confiar em Deus que não condena o justo e aquele que vive em Deus não é destinado à desgraça, mas a iluminar sempre. O Salmo 26 canta a confiança na bondade de Deus: Contemplarei a bondade do Senhor na terra dos viventes. Porque Deus é a minha luz, minha salvação. O som da confiança também vem do Apóstolo Paulo: [...] tornados justos pelo sangue de Cristo, com maior razão seremos salvos da ira por meio dele (Rm 5,9).
Nossa confiança em Deus deve ser total porque ele estabeleceu um tempo novo, pleno de vida. E, para coroar todo este incentivo à fé e esperança, Jesus Cristo nos confirma este convite: Quem acredita no filho do homem tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6,40). É Jesus o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6). Isto significa que viver em Cristo, caminhar em Cristo é garantia da vida eterna e certeza de ocupar um lugar que Ele nos preparou na casa do Pai.
Drummond de Andrade, grande poeta brasileiro, tinha uma intuição bonita sobre o que acontece com os nossos mortos queridos. Ele escreveu: “...foi preciso que se despedissem para que conservássemos melhor em nossa companhia, já sem possibilidade de atritos, desconfianças e tédio. Ficam limpos de qualquer desinteligência. Tornaram-se amor inesgotavelmente” (do livro O poder ultrajovem, ed. Record.op.cito, Amar o Pai servir aos irmãos, TC, CNBB, 1999).
Olha que Drummond não era uma pessoa “religiosa”. Refere-se ao efeito psicológico que os mortos continuam tendo em nossa vida, com a imagem purificada pela ausência e pela lembrança do bem que representam para nós. Até concordamos com Drummond, mas diríamos que Deus realiza uma glorificação semelhante em todos aqueles que são acolhidos na Vida Eterna. No céu acontece uma grande reunião alegre de tanta gente boa com o Pai.
Sinto que cada dia que passa os nossos mortos vão ficando mais purificados. Vamos aos poucos esquecendo suas falhas e ficando em nossa lembrança apenas as cosias boas que fizeram. Eles vão ficando mais bonitos, mais santos na nossa memória.
Enfim, o Dia de finados é um dia de misericórdia, de misericórdia universal, um dia de perdão, dia do Amor. Mas deveria ser também o dia no qual avaliamos a nossa vida de tal modo que a bondade e a santidade prevaleçam sempre mais em nós. Pois, hoje é o dia da celebração da vida eterna das pessoas que muito amamos que já partiram para o festim da eternidade feliz.
Devemos compreender que o cristão chora e permanece triste diante da morte, porém nunca entra em desespero. “Saudades sim, desespero não”.
Somos convidados a renovar nossa fé no Cristo Ressuscitado, Senhor dos vivos e dos mortos. E para todos os Fiéis defuntos nós suplicamos: “Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno! E a luz perpétua os ilumine! Descanse em paz! Amém."


Fonte: http://www.cnbbs2.org.br