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9 de mar. de 2010

Jejum. Você o compreende bem?



Na atual disciplina canónica da Igreja o preceito de jejum só obriga na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa e somente às pessoas, se a memória não me atraiçoa, entre os 14 e os 59 anos. Normalmente considera-se que cumpre este exercício quem ao pequeno-almoço come um simples papo-seco, toma um almoço completo, ingere duas bolachas ao lanche, para enganar o estômago, e janta uma sopa com uma fruta ou meia carcaça.

Porém, é de notar algumas coisas:

a) O fato de o jejum só ser obrigatório naqueles dois dias não significa que só se pode fazer naqueles dias. Por isso, há um número significativo de cristãos, de todas as vocações, que jejuam o ano inteiro – por exemplo, todas as sextas-feiras, ou todas as quartas e sextas, ou ainda às segundas, quartas e sextas; ou então ao sábados em honra de nossa Senhora, e nas suas festas.

b) Há pessoas que não se contentam com aquelas condições mínimas que referimos acima e, por isso, jejuam a pão e água, admitindo muitas delas o café, chá ou algum refresco açucarado. Há ainda o caso mais radical de algumas pessoas que não ingerem alimento algum, mas somente água, chá ou café, durante 24h ou mesmo 48h ou 72h.

c) Não se pode ainda esquecer o caso das pessoas que por questões de saúde poderão estar impedidas de jejuar de qualquer maneira ou pelo menos nas formas mais exigentes. Conheço, por exemplo, uma pessoa que na sua juventude fez grandes jejuns e que agora em virtude de uns medicamentos que tem de tomar, que lhe abrem de tal modo o apetite vê-se em grandes dificuldades de o fazer.

d) É ainda de grande importância atender ao estado e condição concreta de cada um. Por exemplo, não se pode pedir a um pai de família que jejue com o mesmo rigor de uma Carmelita Descalça. Por outro lado, seria também absurdo pedir o mesmo jejum a um estivador ou a uma digitadora.

e) Acresce que como o jejum é um meio e não um fim (o fim é sempre o maior amor a Deus e ao próximo) importa muito discernir se no modo como está a ser feito ajuda ou se pelo contrário estorva o caminho de santidade. Se, por exemplo, o jejum está tornando a pessoa soberba em vez de humilde, brutal em vez de mansa é sinal de que não é agradável a Deus. Por todas estas razões acima enumeradas cada um deverá estudar-se bem para saber como comportar-se. E uma vez que, como diz a sentença, ninguém é bom juiz de si próprio é de toda a conveniência que se consulte com o seu confessor habitual, com o seu assistente espiritual e, se for caso disso, com o seu médico.

f) De qualquer modo, uma pessoa que não possa prescindir do alimento em quantidade normal poderá sempre renunciar a comer coisas de que mais gosta: bolos, doces, chocolates, vinho, bebidas brancas, etc., o que também é uma forma de jejum.

g) Para além do jejum de comida pode a pessoa treinar-se com outro tipo de jejuns, renunciando a coisas legítimas para se fortalecer na capacidade de repudiar as ilícitas ou pecaminosas. Deste modo pode fazer jejum da boca, guardando silêncio – pode assim aprender a não contar os defeitos e pecados do seu semelhante; pode jejuar dos ouvidos, abstendo-se de participar em conversas ociosas ou de ouvir música – e assim aprender a não dar ouvidos a boatos e intrigas, e a dar maior atenção aos sentidos espirituais interiores em detrimento das melodias exteriores; pode jejuar dos olhos, renunciando ao cinema ou a programas televisivos para se dedicar à leitura e meditação da Palavra de Deus.

Convite Centenário de Nascimento de Dom José Adelino Dantas


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PROGRAMA DA FESTA DE SÃO JOSÉ

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PERDOAR DE CORAÇÃO

REFLEXÃO DO EVANGELHO

Todos conhecemos a parábola do impiedoso empregado que foi cruel com os que lhe deviam, depois de ter sido ele próprio perdoado pelo patrão. “Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?”
Existe um Pai no céu e todos somos irmãos. Afirmação simples e, no entanto, fundamental. O mundo novo de Jesus, seu Reino, é constituído de pessoas que se estimam, que zelam umas pelas outras, que, apesar de todas as fragilidades, são capazes de perdoar, de estender a teia da reconciliação, de acolher o diferente. Num mundo de violência, estupros, guerra, lutas pela partilha de bens, ódio no momento de uma separação conjugal somos convidados a ser instrumentos de paz e de reconciliação.
Quando fazemos uma retrospectiva de nossa vida e de nossa experiência religiosa damo-nos conta de que somos devedores perdoados, agraciados. No alto da cruz, Jesus rasgou um documento condenatório que existia contra nós. Fazemos, sim, a dolorida experiência do pecado: elevamos altares para nossos ídolos, por inveja colocamos obstáculos nos passos de outros, respiramos inveja e exalamos vaidade. Por vezes chegamos mesmo ao fundo do poço. Mergulhamos, então, no mar da misericórdia do Senhor. E ele transforma nossa velhice em eterna juventude.
O pecado de vermelho como o carmesim se torna branco como a lã. E precisamente nesses instantes que perdemos o pé, em que tudo parece marcado pela morte e que suplicamos... ”Eu te pagarei toda a dívida...dá-me um prazo”. E o Senhor nos ouve.
Somos mais uma vez advertidos. O Senhor nos concede o perdão quando perdoamos nossos devedores. Assim, os que começam a fazer parte do Reino de Deus são instrumentos de reconciliação e semeiam harmonia por onde passam. “A iniciativa da reconciliação vem de Deus, e a Igreja e os cristãos devem ser os construtores da paz no mundo: devem criar um clima de reconciliação, perdão, encontro, fraternidade em todos os setores e todos os níveis, desde o internacional até as pequenas relações de vizinhança e trabalho, entre esposos, entre os filhos, nas relações com operários e patrões, entre pobres e ricos. Não há uma relação humana por menor que seja que não possa melhorar pela reconciliação e o perdão. A curva ascendente da violência é um apelo ao amor cristão, do qual o perdão é um momento importante. Só com o amor é possível formar uma comunidade, também a nacional” (Missal Dominical da Paulus, p. 800).

“Bem-aventurado o homem que suporta o seu próximo com suas fraquezas tanto quanto quisera ser suportado por ele se estivesse na mesma situação” (Admoestação de São Francisco de Assis).

EVANGELHO DO DIA: Mateus 18,21-35

Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. Quando começou o acerto, levaram a ele um que devia dez mil talentos. Como o empregado não tinha com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, ajoelhado, suplicava: ‘Dá-me um prazo. E eu te pagarei tudo’. Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado, e lhe perdoou a dívida. Ao sair daí, esse empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague logo o que me deve’. O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dê-me um prazo, e eu pagarei a você’. Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: ‘Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?’ O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que fará com vocês o meu Pai que está no céu, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.»