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9 de jul. de 2010

Qual a influência da fé na política?

Essa pergunta foi feita ao Cardeal emérito de Milão, Carlo Maria Martini, em diálogo com o Pe. Georg Sporschill, que desenvolve um belo trabalho com meninos de rua na Romênia e na Moldávia. Ambos se encontraram em Jerusalém e passaram noites inteiras em perguntas e respostas. Uma das perguntas foi exatamente esta: Qual a influencia da fé na política?

O Cardeal respondeu: "Como cristãos, olhamos para Jesus. Ele é o fundamento de algo totalmente novo: a Igreja. Jesus realiza a missão de Deus ao criar um segundo instrumento para a paz, ao lado do povo escolhido primeiramente, o povo de Israel. Com isto Jesus se coloca na linha de frente. Jesus enfrentou todas as autoridades políticas: Herodes, Pilatos, o Sinédrio, os partidos dos fariseus e dos saduceus. Ele lutou apaixonadamente pela justiça e queria mudar o mundo. A Igreja de Jesus Cristo deve trabalhar para que o mundo se torne mais justo e mais pacífico.

Segundo a Bíblia, a justiça está acima do direito e da misericórdia: é um atributo fundamental de Deus. Justiça significa comprometer-se com os desprotegidos. Justiça significa intervir de forma ativa e ofensiva por uma convivência onde todos vivam em paz. A Justiça deve vigiar para que o direito, tal como está formulado nas leis, possibilite uma vida digna para todos. Jesus deu sua vida pela justiça. Procurou o diálogo com os poderosos... e eles se sentiram incomodados por Ele.

Jesus se pôs do lado dos pobres, dos sofredores, dos pecadores, dos pagãos, dos estrangeiros, dos oprimidos, dos famintos, dos presos, dos humilhados, das crianças e das mulheres. Quem se põe do lado das pessoas sem pastor, quem as reúne e as conscientiza, se torna perigoso para os detentores do poder. Sempre que cristãos assumem a opção pelos pobres feita por Jesus, devem ainda hoje contar com perseguições" (Diálogos Noturnos em Jerusalém, pg.149-150, Paulus).

O princípio de que "a fé sem obras é morta" permanece como grande desafio do testemunho pessoal e social dos cristãos, e exige um efetivo compromisso na transformação das estruturas injustas que oprimem e matam a vida dos indefesos. Os bispos do Brasil, ao celebrar os 500 anos de Evangelização, escreveram: "Desejamos, confiantes, renovar a nossa fé.

Proclamamos que Jesus Cristo é a nossa esperança. Sua presença no meio de nós é a garantia de que a semente do Evangelho jamais será sufocada ou destruída pelas forças do mal. Ela é destinada a tornar-se a espiga que dará muitos grãos e a árvore que oferecerá abrigo a muitas aves" (Doc. CNBB 65, nº 63). A semente da Palavra de Deus em nossos corações é a certeza de uma sociedade justa, solidária e repleta de fraternidade.

A fé cristã une estreitamente o amor a Deus ao amor aos irmãos. Um não pode ser autêntico sem o outro. "Se alguém disser: amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê" (Jo 4,20). Em outras palavras: "O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dignidade da pessoa, e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho" (Doc. CNBB, nº 65). Por isso a fé tem tudo a ver com a política, que tem como primeira e mais importante missão a busca do bem comum de todos e a luta pela justiça social. Sem a fé nos tornamos ditadores dos outros e de nós mesmos.

Dom Anuar Battisti

MISSIONÁRIOS; SINAIS DE CONTRADIÇÃO

“Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos...”. Desde a nossa adolescência e juventude nos impressionaram alguns relatos evangélicos que falavam da oposição de muitos às palavras de Jesus e dos apóstolos. Os enviados passam a impressão de serem sinais de contradição. Tivemos em mãos livros sobre os mártires, pessoas que morreram por causa do anuncio do evangelho. Francisco de Assis e Antonio de Pádua quiseram ir ter junto aos povos pagãos para darem o testemunho de suas vidas na transmissão do legado evangélico. Os missionários, os verdadeiros evangelizadores, sabem que seu modo de ser, sua postura de vida e a fala simples de seus lábios provoca distância. Não se trata de querer sempre provocar os outros. Os missionários não podem, evidentemente, ter a primeira pretensão de provocar a irritação de seus ouvintes. Mas o simples fato de viver é o bastante para que muitos de nossos ouvintes tomem certa distância. Acontece que missionário verdadeiro se sente sozinho, deixado de lado.
Jesus já havia advertido: somos enviados como ovelhas no meio de lobos. Não dá para dourar a pílula e anunciar um evangelho acomodatício.
Os missionários serão espertos como as serpentes e simples como as pombas, ou seja, traçarão planos, pensarão em estratégias, não são ingênuos... e ao mesmo tempo serão daqueles que se jogam no braços do Pai e de seu Cristo que os envia em missão na família, na comunidade, no mundo do trabalho e do lazer.
Os missionários podem ser levados aos tribunais. Não deverão temer. Responderão às perguntas feitas, sabendo que naquele momento quem falará por eles e neles é o Espírito Santo.
Bem oportunas e sábias as considerações do Missal Cotidiano da Paulus: “A fragilidade da Igreja contrasta com a força do mundo. É o mesmo contraste manifestado por Cristo em sua pessoa. Os judeus esperavam um rei poderoso e triunfador e ele se apresenta inerme e tranqüilo; é tão pobre que não tem onde reclinar a cabeça, mas dá prodigiosamente pão a milhares de pessoas. Diante de Pilatos proclama-se rei: no entanto se deixa prender, flagelar, conduzir à morte como malfeitor. Programa nada fácil para a Igreja, continuamente tentada a assumir as mesmas posições do mundo, aparentemente mais eficazes. Todas as vezes que ela se revestiu de poderio, afastou-se do espírito de seu Fundador e secaram as fontes de sua ação. O discípulo de Cristo, como o Mestre, é testemunho de pobreza, simplicidade, humildade, assim como se coragem e clareza de posições em todas as circunstâncias, pronto a suportar com paciência toda injúria, pronto a denunciar toda injustiça. Prudentes como as serpentes, simples como as pombas” (p. 1011).

Fonte: www.franciscanos.org.br

EVANGELHO: Mateus 10,16-23

Jesus disse aos discípulos: «Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês. O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. Vocês serão odiados de todos, por causa do meu nome. Mas, aquele que perseverar até o fim, esse será salvo. Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. Eu garanto que vocês não acabarão de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem."
PALAVRAS DA SALVAÇÃO -Glória a vós, Senhor