Jesus fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não caberiam nos mundo os livros que deveriam ser escritos.
Este é o final do quarto evangelho que é lido na véspera da Solenidade de Pentecostes.
Sirva-nos de preparação para a solenidade as reflexões de Enzo Bianchi:
Reunião dos filhos de Deus dispersos, antiBabel, a festa de Pentecostes é o começo dos últimos tempos da Igreja. Em Babel produziu-se a confusão das línguas e a tentativa de reunir o céu à terra pela construção de uma torre que subiria ao céu. Em Pentecostes produz-se o milagre das línguas entendidas e compreendidas por todos, e é o Espírito que desce para colocar Deus e os homens em comunicação, em comunhão. É o milagre da compreensão reencontrada numa única palavra. Sim, as línguas dos homens permanecem diferentes. Essa pluralidade de línguas, de culturas, de histórias não se confundiu. Mas o Espírito Santo criou uma unidade articulada, plural: o único corpo do Senhor que é a Igreja, se compõe de numerosos dons e de numerosos membros. A diversidade deve subsistir sem anular a unidade. A unidade deve se afirmar sem suprimir a multiplicidade.
O milagre das línguas suscitado pelo Espírito indica à Igreja sua tarefa de conciliar a unidade da Palavra de Deus com a multiplicidade dos modos segundo os quais deve ser vivida e anunciada na única comunidade dos fiéis e entre todos os povos.
Desse modo, a Igreja não procurará impor-se por uma linguagem própria, mas introduzir-se-á nas linguagens dos outros homens para anunciar as maravilhas de Deus em suas formas próprias e modalidades de compreensão.
O Espírito derramado em Pentecostes compromete a Igreja ainda hoje, a criar caminhos e a inventar maneiras de ser que façam da alteridade motivo não de conflito e de inimizade, mas de comunhão. Assim, a Igreja e toda a comunidade cristã poderão ser sinal do Reino universal que virá e ao qual é chamada a humanidade inteira através ( e não apesar) de diferenças que a permeiam. Tudo isso afina a sensibilidade que os cristãos devem manifestar para o ecumenismo e o diálogo com as outras religiões. A consciência as raízes judaicas da fé cristã, da judaicidade perene de Jesus, de Israel como Povo da Aliança nunca cancelada e, ao mesmo tempo, a consciência da destinação universal da salvação cristã, da multiplicidade dos povos e das culturas em que o Evangelho deve ser semeado deveriam fazer parte da bagagem de todo cristão adulto. Igualmente, a certeza de que o ecumenismo é um elemento constitutivo da fé do batizado deveria também estar incluída. O cristão é chamado, como discípulo, a orar e agir para suprimir o escândalo da divisão entre os cristãos.
Enzo Bianchi, Dar sentido ao tempo (As grandes festas cristãs), Ed. Loyola, São Paulo, 2007, p. 87-88.
Este é o final do quarto evangelho que é lido na véspera da Solenidade de Pentecostes.
Sirva-nos de preparação para a solenidade as reflexões de Enzo Bianchi:
Reunião dos filhos de Deus dispersos, antiBabel, a festa de Pentecostes é o começo dos últimos tempos da Igreja. Em Babel produziu-se a confusão das línguas e a tentativa de reunir o céu à terra pela construção de uma torre que subiria ao céu. Em Pentecostes produz-se o milagre das línguas entendidas e compreendidas por todos, e é o Espírito que desce para colocar Deus e os homens em comunicação, em comunhão. É o milagre da compreensão reencontrada numa única palavra. Sim, as línguas dos homens permanecem diferentes. Essa pluralidade de línguas, de culturas, de histórias não se confundiu. Mas o Espírito Santo criou uma unidade articulada, plural: o único corpo do Senhor que é a Igreja, se compõe de numerosos dons e de numerosos membros. A diversidade deve subsistir sem anular a unidade. A unidade deve se afirmar sem suprimir a multiplicidade.
O milagre das línguas suscitado pelo Espírito indica à Igreja sua tarefa de conciliar a unidade da Palavra de Deus com a multiplicidade dos modos segundo os quais deve ser vivida e anunciada na única comunidade dos fiéis e entre todos os povos.
Desse modo, a Igreja não procurará impor-se por uma linguagem própria, mas introduzir-se-á nas linguagens dos outros homens para anunciar as maravilhas de Deus em suas formas próprias e modalidades de compreensão.
O Espírito derramado em Pentecostes compromete a Igreja ainda hoje, a criar caminhos e a inventar maneiras de ser que façam da alteridade motivo não de conflito e de inimizade, mas de comunhão. Assim, a Igreja e toda a comunidade cristã poderão ser sinal do Reino universal que virá e ao qual é chamada a humanidade inteira através ( e não apesar) de diferenças que a permeiam. Tudo isso afina a sensibilidade que os cristãos devem manifestar para o ecumenismo e o diálogo com as outras religiões. A consciência as raízes judaicas da fé cristã, da judaicidade perene de Jesus, de Israel como Povo da Aliança nunca cancelada e, ao mesmo tempo, a consciência da destinação universal da salvação cristã, da multiplicidade dos povos e das culturas em que o Evangelho deve ser semeado deveriam fazer parte da bagagem de todo cristão adulto. Igualmente, a certeza de que o ecumenismo é um elemento constitutivo da fé do batizado deveria também estar incluída. O cristão é chamado, como discípulo, a orar e agir para suprimir o escândalo da divisão entre os cristãos.
Enzo Bianchi, Dar sentido ao tempo (As grandes festas cristãs), Ed. Loyola, São Paulo, 2007, p. 87-88.
Fonte: www.franciscanos.org.br
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