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11 de jan. de 2010

Provações de Madre Teresa de Calcutá


Ainda não faz muito tempo, a imprensa divulgou o conteúdo de cartas que Madre Teresa de Calcutá escreveu durante 66 anos a colegas e superiores. Aliás, tal conteúdo é tema do livro Mother Teresa: Come Be My Ligth, cuja tradução em língua portuguesa já foi publicada. Nas cartas, Madre Teresa fala da aridez espiritual pela qual passou, do sentimento experimentado de que Deus a havia abandonado, do perturbador silêncio de Deus em sua vida. O fato assustou a muitos, pois que se puseram a perguntar: "Como pode uma religiosa como Madre Teresa, que se entregou totalmente ao serviço de Deus, passar por tormentos na vida espiritual?", ou ainda: "Terá Madre Teresa duvidado da existência de Deus?"
As provações na vida espiritual não são desconhecidas dos santos. O que Madre Teresa expressou em suas cartas é bastante conhecido entre os grandes mestres da vida espiritual. E não nos devemos escandalizar com isso. Deus tem seus caminhos para conduzir o homem à santidade perfeita, caminhos que não são os nossos, conforme o dizer da Escritura: "Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e os vossos caminhos não são os meus caminhos, diz o Senhor" (Is 55, 9). Uma grande alma, bem próxima de nós, que também passou por provações terríveis na vida espiritual, foi Santa Teresinha do Menino Jesus.
São João da Cruz (séc. XVI), um dos maiores místicos da Igreja, ensina que sem "noites escuras" não se pode aproximar de Deus como convém. "Noite escura" é o termo que o santo doutor achou para, metaforicamente, falar do processo de purificação da alma, que se dá na obscuridade da fé e que nos dispõe para o matrimônio místico com o Senhor. Na noite chamada ativa, a alma age auxiliada pela graça no sentido de renunciar a tudo que não é Deus, o que não se faz sem dor e provação. Mas a noite ativa apenas prepara a segunda noite: a passiva. Na noite passiva, a alma, sem nada fazer, sofre de modo inusitado um influxo especial de Deus que, como fogo ardente de caridade, a queima e purifica; é nesta purificação passiva que a alma enfrenta as maiores provações, já que o fogo divino nela procura queimar tudo o que é amor próprio e todo apego desordenado às criaturas, para que ela se esvazie de tudo o que não é Deus, e, na completa pobreza espiritual, deixe espaço para que Deus seja o seu Tudo. Nessa noite escura passiva, a alma vive exclusivamente da fé, da pura obscuridade da fé, sem auxílio algum dos sentidos e sem consolação do espírito; aliás, vive com grande sofrimento e aridez, porque o fogo divino consome as raízes mais profundas do orgulho. Mas vive na fidelidade. Quando a alma atinge a completa pobreza e nudez espiritual, parece-lhe que até Deus a abandonou.
Ora, o que sucedeu com Madre Teresa de Calcutá foi algo semelhante. Ela passou, para usar a terminologia de São João da Cruz, pela noite passiva. E, embora não encontrasse auxílio nos sentidos nem no espírito, viveu perfeitamente a sua fé. Isso nos mostra que a fé não se reduz jamais a um sentimento, a uma emoção, nem mesmo à consolação espiritual. A fé é muito mais. Em última instância, a fé é um ato da inteligência e da vontade que se firmam em Deus, mesmo quanto tudo parece forçar em direção contrária. Mesmo na aridez e no tormento da nudez espiritual, mesmo sentindo o abandono e o silêncio de Deus, Madre Teresa não renunciou a Cristo. "O amor não consiste em sentir grandes coisas senão em ter grande desnudez, e padecer pelo Amado", dizia São João da Cruz.As atitudes de Madre Teresa de fidelidade a Deus até a morte e de dedicação plena aos necessitados por amor a Deus mostraram que, embora não tivesse motivações sentimentais ou consolações espirituais para ser fiel, ela foi capaz de se manter fiel na obscuridade da pura fé, isto é, foi capaz de caminhar na densa noite na esperança da aurora que Deus lhe reservava. Deus assim a preparava para a suprema união mística...


Pe. Elílio de Faria Matos Júnior
Vigário Paroquial da Paróquia Bom Pastor, Juiz de Fora, MG

ESPIRITUALIDADE: Como viver bem o tempo comum?



Terminado Tempo do Natal com a Solenidade do Batismo do Senhor, a Igreja começa a caminhar como O Povo de Deus caminhou no deserto durante quarenta anos rumo a Terra Prometida. Nem só de festas e solenidades vive a espiritualidade da Liturgia, mas o dia a dia, a rotina, a Constância, traçados pela esperança e perseverança na caminhada. O aspecto mais forte deste tempo é a comunidade reunida para celebrar sua fé, tendo o Domingo como a Páscoa semanal, onde a Igreja, Povo de Deus, caminham juntos com o seu Senhor ressuscitado.

Espiritualidade e símbolos
Este longo período compreende 33/34 semanas. O tempo comum começa no dia seguinte à festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira de carnaval, inclusive. Interrompido pelo ciclo pascal. Recomeça na segunda-feira depois de pentecostes e termina no sábado anterior ao 1° domingo do advento.

Sentido:
O domingo é a páscoa de cada semana, dia da reunião da comunidade para escutar a Palavra e fazer a Ceia em memória da morte e ressurreição de Jesus.
Os primeiros domingos do tempo comum são marcados por um clima de manifestação do Senhor, da sua missão no mundo e do chamado dos discípulos. A atitude destes domingos é sugerida pela voz do Espírito que desceu sobre Jesus nas águas do Jordão: “Tu és meu Filho querido, o meu predileto”! Contemplamos Jesus como o iniciador do reino.
Além do domingo, como festa semanal, celebram-se nesta primeira parte as festas da apresentação do Senhor e a festa da conversão do apóstolo Paulo.

Símbolos:
O gesto simbólico que caracteriza o domingo como dia memorial da páscoa é sempre a reunião da comunidade em torno da Palavra e da santa ceia. O evangelho de cada celebração às vezes inspira um símbolo ou gesto simbólico que marca um determinado domingo. Para ressaltar a dimensão pascal do domingo, está previsto oração e aspersão da água (no lugar do ato penitencial). Há ainda as músicas que expressam o sentido de cada domingo.

Como viver bem este tempo:
Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo de Deus, que nos guiará pela Palavra proclamada em cada liturgia; Fazer crescer em nós o sentido de comunidade-Igreja, povo reunido para celebrar sua fé, que caminha como a grande família de Deus rumo a Terra Prometida: O Céu; Centralizar a sua vida e pratica de fé no Mistério Pascal de Cristo que se realiza mos Sacramentos e plenamente na Eucaristia; Adestrar os sentidos para colher a Vontade de Deus nos pequenos gestos, nas coisas simples do dia a dia e na pratica comum da fé e da caridade.
As celebrações festivas da Virgem Maria e dos Santos nos finalizam a fidelidade de Deus e daqueles que nos precederam mos mistérios da nossa fé.
Padre Luizinho,
Com. Canção Nova.

REFLEXÃO DO DIA - Segunda-Feira 11/01

Depois que João Batista foi preso, Jesus voltou para a Galiléia, pregando a Boa Notícia de Deus: «O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia.» Ao passar pela beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André; estavam jogando a rede ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse para eles: «Sigam-me, e eu farei vocês se tornarem pescadores de homens.» Eles imediatamente deixaram as redes e seguiram a Jesus. Caminhando mais um pouco, Jesus viu Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes. Jesus logo os chamou. E eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados e partiram, seguindo a Jesus. (Mc 1,14-20)
O texto do evangelho deste dia começa situando nitidamente os acontecimentos. João Batista tinha sido encarcerado. Jesus começa sua pregação. Começa a falar para tocar o interior das pessoas e fazer com que estas se voltem para seu projeto. Não dá mais para esperar. O tempo esgotou. O mundo novo chamado Reino está às portas. Há um ambiente marcado por coisas alvissareiras. Jesus tem um presente e um pedido. O presente é uma boa nova, o evangelho. O pedido é o da transformação do interior. Agora é o tempo favorável. Não se pode perder tempo. Trata-se agora de entrar numa esfera que, na realidade, vai abolindo o tempo: os que se convertem entram num movimento de eternidade.
Vem, então, o momento do chamamento. Simão e André estão em seu labor. Arrumam ou consertam suas redes. O olhar de Jesus vai até o fundo de suas vidas e de seus corações. O convite não é para que esses pescadores se assentem nos bancos de escolas rabínicas. Trata-se de seguir o Mestre. Os cristãos serão os que entram na seqüela de um Mestre itinerante. “A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão a toda a sua pessoa ao saber que o Cristo o chama pelo nome” (Doc. Aparecida, n. 136).
Os pescadores de peixes se transformarão em pescadores de homens.
E os chamados não hesitam. Há uma pronta e decidida resposta: deixam as redes e seguem a Jesus. Nesse tempo que urge, nesse tempo que não pode ser perdido, um pouco mais adiante Jesus chama os filhos de Zebedeu, Tiago e João, que estavam consertando as redes. Jesus chama as pessoas ali onde elas vivem e impressiona, também neste caso, a prontidão da resposta. E estes e os outros chamados passam a olhar o mundo, de alguma forma, pelo olhar de Jesus. Ao longo das estradas da vida e nas conjunturas daqueles lugares, Jesus formava o grupo de seus seguidores.
Vocação, chamada ao seguimento... Jesus que passa diz uma palavra carregada de futuro. Por causa dessa promessa de amanhã ainda não compreendido é possível uma estrutura de abandono. Jesus vai ao encontro do homem na sua vida cotidiana para mudar o seu destino. Seu olhar que escolhe transmite força. Jesus vê pessoas que têm um nome e pede uma entrega total em vista de um projeto do qual pouco sabem... João dirá que eles precisam ir com Jesus para ver o que vai acontecendo...
Ser seguidor de Cristo nesse tempo que é o nosso consiste em saber perscrutar o coração, o mundo e, ao mesmo tempo, deixar-se visitar pelo Senhor em seu interior e segui-lo
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