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15 de mar. de 2010

O CENTENÁRIO DE DOM JOSÉ ADELINO DANTAS, por Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz

O centenário de nascimento de uma pessoa é, sem dúvida, uma data a ser recordada e celebrada, mesmo que ela já esteja na eternidade, como é o caso do segundo bispo de Caicó, o potiguar de São Vicente, Dom José Adelino Dantas.
O Centenário de nascimento de dom José Adelino está sendo comemorado pelos seus familiares e amigos, com apoio da Diocese de Caicó, da Paróquia de Carnaúba dos Dantas, da Prefeitura Municipal, Câmara de vereadores e Secretarias do Município de Cultura e Turismo, e de Educação de Carnaúba dos Dantas.
Ele nasceu no município de São Vicente-RN, em 17 de março de 1910, portanto, o dia do seu Centenário é 17 de março de 2010.
Em nome da Diocese, aproveitando o ensejo das comemorações, recordamos com emoção e gratidão a pessoa ungida e abençoada do segundo bispo da Diocese que exerceu aqui o ministério episcopal de 1952 a 1958, quando foi transferido para a Diocese de Garanhuns-PE e depois para a Diocese de Ruy Barbosa-BA. Foi lá que o conheci, quando era eu seminarista capuchinho, em Feira de Santana. O “Movimento de Cursilho de Cristandade” estava no auge. Houve então em Jequitibá (Mosteiro dos Cistercienses), no ano de 1973, um encontro do Cursilho, e os seminaristas do último ano do postulantado, que equivale ao propedêutico, fomos convidados a participar. Lá estavam vários bispos, inclusive Dom José Adelino. Lembro-me de que ficamos no mesmo grupo de estudo. A imagem que conservo dele é de um homem de Deus, orante, firme e disposto a cumprir a Palavra do Senhor e a encontrar novas metodologias para anunciá-la.
Nomeado bispo, tomei conhecimento de que Dom José Adelino era do Seridó e tinha sido bispo de Caicó. Esta notícia acendeu no meu espírito uma luz, senti alguma coisa que indica a unidade com aqueles que se encontram na outra vida. Era como se fosse um re-encontro. Deus seja louvado! Na primeira visita que fiz a Carnaúba, visitei a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde ele jaz ao pé do Monte do Galo. É que, quando emérito, passou a residir em Carnaúba dos Dantas, onde faleceu no dia 24 de março de 1983, sendo aí sepultado, entre os seus familiares.
Dom Adelino foi ungido sacerdote no dia 18 de novembro de 1934; eleito bispo de Caicó, em 10 de junho de 1952, quando era Reitor do Seminário de São Pedro de Natal. Foi sagrado bispo aos 14 de setembro, tomou posse no dia 20 do mesmo mês e ano, permanecendo diante da Igreja de Caicó até o ano de 1958.
Para o povo do Seridó, ficou impressa a imagem do Bispo sério, respeitoso, dedicado e consciente da sua missão de pastor. Centrava a sua ação pastoral no anúncio da Palavra de Deus, procurando utilizar-se do seu alto conhecimento humanístico para traduzir na alma do povo os mistérios do amor de Deus e a profunda necessidade do ser humano de abrir-se à compreensão da vontade divina e encontrar nela as indicações concretas para a vida cristã, forjadas no amor, na dignidade e na grandeza de espírito.
Devoto de Senhora Sant’Ana, depois de ser beneficiado com a condição de emérito, voltou às terras de Sant’Ana e passou a viver entre os seus, em Carnaúba dos Dantas, até o dia em que empreendeu a última e definitiva viagem para a Casa do Pai. O seu corpo foi sepultado na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e ali jaz em perpétua memória.
A Diocese de Caicó se une aos familiares, amigos e conterrâneos de Dom José Adelino Dantas para comemorar o seu Centenário e render graças a Deus pelo dom da sua vida, pela sua singularidade de pessoa, que enriqueceu a humanidade e a Igreja com o seu carisma e pelo seu serviço de pastor em prol do Povo de Deus, nesta Igreja Particular e nas outras as quais tão bem ele serviu.
Pelas sementes evangélicas que Dom José Adelino, em nome de Cristo, espalhou por toda parte onde andou e por todo o bem, por ele, cultivado e amalgamado na fé, no amor e na esperança, agradeçamos ao Bom Deus! Que os frutos das sementes lançadas por Dom Adelino brotem e neles Deus seja glorificado!
Para todos os que participam destas comemorações, copiosas bênçãos no Senhor Jesus Cristo!
Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz
Bispo Diocesano de Caicó-RN.

DOM ADELINO, por Sanderson Negreiros - Escritor

Morreu como sempre vivera: na mais absoluta solidão que a pobreza enriquece, ungido pelo único dom que nunca o deixou desesperado — o dom da presença de Deus, que o tornava severo praticante das duras leis que faziam, antigamente, de um sacerdote, o exemplo do ascetismo parecido com o dos padres do deserto. Nos seus instantes finais, horas longas e pesadas, seu espírito deve ter sido assistido pela música de Bach, que ele cultivava nas noites sertanejas, em meio à nostalgia dos dobrados de Felinto Lúcio. Nesses anos derradeiros de vida, havia se recolhido à cidade de Carnaúba dos Dantas, dentro do Seridó mais profundo.
Lembro-o reitor do Seminário de São Pedro, hierático e silente como verdadeiro monge da Idade Média, recém-convertido pelo Concílio de Trento. Gerações inteiras passaram pela influência da curva parabólica de suas ordens inflexíveis. Recebeu-me ele aos nove anos de idade, quando subi os degraus do Seminário para encontrar um mundo inteiramente novo, e ao deixar para longe minha casa, minha infância, minha mãe, já doente, e meu pai, inconformado com o destino que eu inaugurava de maneira imprevisível. Trazia vivo na retina e no lume dos olhos embaciados o retrato materno, de a Mãe já fulminada por uma doença que a deixara paralítica, ainda moça e espirituosa, nos seus 40 anos de idade. A orfandade não tem nome: tem sobrenome.
Ao subir o último degrau do casarão, olhei para trás, ainda criança, emudeci, e era como se chorasse. Enfrentei o desconhecido na clausura que me aguardava; e iniciava a necessária experiência desvelada que, como sempre, destina-se somente à prece e ao estudo. Enfrentei uma vida monástica. O Seminário sobrevivia da pobreza e de favores, certamente muitos deles advindos dos arcanos misteriosos e desconhecidos. Era tudo regido por uma disciplina espartana Ouvia-se o silêncio, até o mais longínquo, no vento despertando os pássaros nas madrugadas do Tirol. Os seminaristas de então jogavam futebol de batina e não podiam sequer usar relógio de pulso. Tangiam-se os dias em clima de duendes, verdadeiro realismo fantástico. Tanta exigência, na formação dos chamados levitas do Senhor, transformava a religião no heroísmo do cotidiano. E ao reger essa orquestra, em vigilância diuturna, estava ele, o então Cônego Adelino, o reitor severo a nos acordar às cinco horas da manhã, determinando, com seus gestos mansos, que os seminaristas se encaminhassem liturgicamente para a missa que durava uma eternidade. Vivíamos calados e em filas, aspergidos pela água benta do silêncio e da postura que deviam ser irrepreensíveis. Ninguém podia sair do figurino, desde as longas genuflexões diante do Santíssimo Sacramento do altar, até a repetição mecânica das orações todas recitadas em latim. Como sempre, valia mais a aparência que compunha uma paisagem de autômatos.
De repente, para surpresa de todos nós, o Cônego Adelino nos deixou, para consagrar-se bispo e foi reger a diocese de Caicó. Sua carreira de pastor seguiu para apascentar as ovelhas tresmalhadas de várias outras dioceses. Até que a idade avançada o fez bispo resignatário; e volta em definitivo ao seu chão sagrado — a seridoense Carnaúba dos Dantas. Foi aí que me reaproximei dele, em algumas viagens que fizemos, juntamente com o então governador Tarcísio Maia, para visitá-lo, a ele e ao genial Felinto Lúcio, em uma Carnaúba dos Dantas que ele transformou em porto final de sua aventura de viver, marcada pela decepção da condição humana, mas atento à vocação de sempre ser o vigia inaudito da presença do Deus a que se consagrava.
Reencontrava eu, então, não mais o reitor sisudo da década de 50, mas o homem sempre virtuoso, afável, compadecido de ternura, na total pureza de ser e conviver — até tornar-se ele o escritor e historiador dos fastos seridoenses, o poeta de alta sensibilidade, capaz de traduzir e ensinar Virgílio, Ovídio e Horácio, todos os clássicos da literatura latina, com permanente atenção e sabedoria humanistas. Guardava na voz desprovida de qualquer arrogância, na longitude da paciência, o sinal do que muito já contemplara em meditações e vislumbres místicos. Tudo indicava não ter mais motivos para as ilusões empobrecedoras com que a vida muitas vezes festeja nossa vaidade.
No meu estar de novo com ele, ao seu lado, tantos e tantos anos passados, voltava a ouvi-lo como se regesse, em pleno meio-dia do Seridó, naquele calorão despiciendo, a música dos seus compositores prediletos. E lia a poesia latina como superação do cotidiano imbatível. Chorou, certa vez, quando lhe lembrei a beleza do luar, filtrando-se no chão sob a copa das antigas árvores do Seminário de São Pedro. E, hoje, o velho seminário é um navio adernando como fantasma burocrático, com seu belo campo de mangueiras senhoriais, destruído por construções inadmissíveis e constrangedoras.
Mesmo menino, entre meus 9 e 13 anos de idade, devo-lhe duas coisas importantes: ensinara-me a amar a música clássica, que ele fazia questão de que a ouvíssemos todos os dias, em audições como se fossem aulas sagradas — e despertou-me para a contemplação das noites. Armava na varanda mais alta do Seminário uma velha luneta, para que pudéssemos ver e ouvir a lua cheia, desatando-se nos morros iluminados do Tirol. Tudo isso fez de mim um ser religioso, mais do que todos os retiros espirituais obrigatórios, onde se impunha a mudez absoluta, virtualizada por prédicas, pregações incansáveis, recitações de terços e rosários diários e penitentes. Desde aí, o céu noturno do Tirol me aproximou mais de Deus do que toda a teologia formal e ortodoxa, que nunca preencheu minha fome natural de transcendência, a busca do Mais Alto, na realização de um projeto acima do simplesmente material, que fosse realista e me amparasse. Agora, recomponho seu perfil de saudade, livre de dogmas e batinas, com um solidéu de estrelas, verdadeiramente a caminho do Ser. Dom José Adelino Dantas. (Prefácio para um livro sobre figuras históricas do Seridó, a ser publicado pelo Sebo Vermelho, de autoria de Dom Adelino). SN.
Artigo publicado no jornal TRIBUNA DO NORTE, em 14/03/2010

Existe alguma relação entre pedofilia e celibato ?



A ligação entre crimes de pedofilia e celibato fica bastante questionada quando levamos em conta os casos de abuso sexuais registrados na Alemanha desde 1996, por exemplo.
Dos 210 mil casos, 94 afetam pessoas ou instituições ligadas à Igreja Católica.
Para fins matemáticos, isso corresponde a 0,044%.(veja reportagem no link.)
Obviamente os números não tem vidas destruídas, mas servem no mínimo como base para questionamentos sérios sobre a ligação entre celibato e pedofilia.
Se 0,044% dos envolvidos em casos de abusos sexuais de crianças e adolescentes cometem tais crimes por serem “oprimidos” pela lei do celibato católico, por que os demais 99,956% que nunca professaram qualquer voto de celibato fora da Igreja também cometem esses abusos?
Parece óbvio que o uso político desse tipo de escândalo é mais interessante que dar uma resposta para a motivação de tantos crimes de abusos sexuais.

FESTA DE SÃO JOSÉ - Programação do dia

Dia 15/03 (Segunda-Feira)

05 horas - Alvorada

19 horas - 6ª noite da Novena

TEMA: O celibato sacerdotal - dom e mistério

O FILHO DO FUNCIONÁRIO DO REI E O HOMEM QUE COLOCAVA SINAIS

REFLEXÃO DO EVANGELHO


Difícil e complexa a aventura da fé cristã. A fé é esse viver na presença do Senhor, contar com sua força, na chuva e no sol, na catástrofe e no êxito, no presente e no futuro, na vida e na morte. A fé não é apenas uma confiança de que o Senhor possa resolver nossos problemas e cobrir as lacunas de nossa vida. O Evangelho de João nos mostra um Jesus que vai colocando sinais para suscitar a fé dos seus discípulos. Não quer que eles se fixem na exterioridade do gesto miraculoso realizado, mas joguem seu destino e sua vida no universo desse Mestre. O primeiro desses sinais foi colocado em Caná da Galiléia, nas famosas bodas em que esteve também presente a mãe de Jesus.
O segundo sinal de João é a cura do filho do funcionário do rei. Havia um homem de certa importância que tinha um filho doente. Ouviu dizer que Jesus passava por ali. Já conhecia sua fama e tinha fortes desconfianças que ele pudesse curar seu menino. Pediu que Jesus fosse a Cafarnaum no quarto do menino. “Senhor desce antes que meu filho morra”.
Jesus não desce até a casa. Garante ao homem que seu filho está curado. E o homem descendo fica sabendo que o filho está com a saúde restabelecida. A febre tinha desaparecido na hora em que Jesus lhe havia dito que o filho vivia. O funcionário confiou, sem confiar inteiramente. Queria que Jesus tivesse “descido”. Só depois é que acreditou, quando viu que o filho estava curado. “Então ele abraçou a fé juntamente com toda a sua família”.
“O que aprendemos, finalmente com esta passagem? Que não devemos esperar milagres exigir provas do poder divino. Conheço muitas pessoas que manifestaram maior piedade para com Deus, após dele terem obtido algum alívio para o filho ou a esposa enfermos. Mas devemos perseverar na ação de graças e no louvor, mesmo quando não somos atendidos no que pedimos. É próprio dos servos fiéis, é próprio dos que amam o Senhor acorrer a ele tanto nas provações como na prosperidade. Quem serve o Senhor somente na prosperidade não dá prova de um grande amor, nem ama a Cristo sem reserva” (João Crisóstomo, Lecionário Monástico, II, p. 355).

EVANGELHO DO DIA - João 4,43-54

Dois dias depois, Jesus foi para a Galiléia. Mas o próprio Jesus tinha declarado: «Um profeta nunca é bem recebido em sua própria terra.» Entretanto, quando ele chegou à Galiléia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito em Jerusalém durante a festa. Pois eles também tinham ido à festa.
Jesus voltou para Caná da Galiléia, onde havia transformado a água em vinho. Ora, em Cafarnaum havia um funcionário do rei que tinha um filho doente. Ele ouviu dizer que Jesus tinha ido da Judéia para a Galiléia. Saiu ao encontro de Jesus e lhe pediu que fosse a Cafarnaum curar seu filho que estava morrendo. Jesus disse-lhe: «Se vocês não vêem sinais e prodígios, vocês não acreditam.» O funcionário do rei disse: «Senhor, desce, antes que meu filho morra!» Jesus disse-lhe: «Pode ir, seu filho está vivo.» O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora. Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro e disseram: «Seu filho está vivo.» O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: «A febre desapareceu ontem pela uma hora da tarde.» O pai percebeu que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: «Seu filho está vivo.» Então ele acreditou, juntamente com toda a sua família.
Esse foi o segundo sinal de Jesus. Foi realizado quando ele voltou da Judéia para a Galiléia.