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15 de fev. de 2010

ELIANA RIBEIRO: O Deus da vitória me resgatou



Eu sei quem me tirou do fundo do abismo e esse Alguém é Jesus Cristo.
Eu nasci à luz de velas. Quando nasci o cordão umbilical estava em volta do meu pescoço, fiquei algum tempo no hospital até que pude sair. Desde meu nascimento, assim como o Senhor tinha feito um plano para mim, o demônio também estava ali querendo roubar a minha vida. Mas como o Senhor é mais forte e sempre esteve comigo.
Quando comecei a estudar o padre ia à escola aplicar a catequese, pois ainda não havia uma igreja em minha cidade e eu comecei a frequentá-la [a catequese]. Meus pais trabalhavam muito e minha infância foi sempre aos cuidados de uma tia. Quando eu tinha 11 anos, por conta de ter começado muito nova na igreja, viram meu desempenho e me deixaram fazer a Primeira Eucaristia com essa idade. Passei a frequentar o grupo de adolescentes e comecei a sair à noite depois dos grupos. Nessas festas “rolava” bebidas. Comecei a chegar tarde em casa e isso começou a causar muita confusão familiar.
Aquilo foi desmontando minha família. Eu brigava muito com minha mãe. Eu nunca gostei muito de cerveja e por isso bebia bebidas mais fortes. Era tanta briga, tanta coisa contra mim que queria aliviar de alguma forma e fazia isso na bebida. Eu tinha “amigos” que bebiam comigo e depois me largavam caída no chão. Meu pai pegava meus irmãos e saía para me procurar, pois eu saía e não voltava, passava à noite na rua.
Minha mãe começou a rezar e a pedir que Nossa Senhora me acompanhasse, pois eles já não estavam conseguindo mais. Quantas vezes eu fui ao hospital tomar glicose... Comecei a ter insônia, fui ao médico e comecei a tomar remédios para dormir. Comecei a fumar e tive uma crise horrível, no hospital disseram que estavam com suspeita de que eu havia adquirido pneumonia. Comecei a misturar bebida e medicamentos. Na escola eu simulava uma tosse para poder tomar o xarope e ficar calma dentro da sala de aula. Isso estava se tornando um vício.
A escola chamou meus pais para dizer que eu estava me envolvendo com drogas e ia acabar repetindo de ano. Foi o que aconteceu. Isso foi uma vergonha para mim. Tudo que eu tinha conquistado estava indo para o lixo. Então, eu disse para mim mesma que eu iria mudar de vida.
Dentro desse tempo minha mãe foi se confessar e disse para o padre que não sabia mais o que fazer. O sacerdote disse-lhe que comprasse uma imagem de Nossa Senhora e a colocasse no meu quarto, para que eu soubesse que tinha uma mãe na terra e uma no céu. Todas as vezes em que eu chegava em casa, bêbada, havia um bilhetinho ao lado da imagem dizendo que meus pais me amavam e Deus também. Meus pais encontraram, na Igreja, a força de que eles precisavam.
Diante dos meus pecados Deus encontrou uma forma de mudar toda minha família, de levar todos para Ele. Eu comecei a melhorar. Até que chegou o carnaval e conheci um rapaz. Acabei me entregando a ele. O rapaz era usuário de drogas e quando a gente saía eu me perdia. Começou tudo de novo.
Então, minha mãe ouviu dizer que na minha cidade ia haver um encontro de jovens e ela queria que eu fosse nesse encontro. Na sexta-feira, que antecedia o encontro, eu pedi que ela me deixasse sair e ela não deixou. Eu disse que ficaria em casa e eles foram para o aniversário de minha avó. Quando eles saíram achei um pouco de vinho, mas como era pouco, peguei o álcool de limpeza e misturei com vinho. Tomei toda aquela garrafa. Comecei a passar muito mal. Senti que algo estava errado, fui até a imagem de Nossa Senhora e comecei a rezar. Nisso, perdi minha visão, caí no chão, comecei a gritar chamar por Jesus porque eu estava morrendo. Consegui chamar uma amiga que me levou para o hospital. Os médicos disseram que eu tinha chegado ao limite.
No outro dia, eu acordei como se nada tivesse acontecido, fui até a cozinha e pedi que minha mãe me levasse para aquele encontro. Eu fiz um propósito de ficar sozinha naquele encontro. Não aguentava mais aquela vida. Na hora do intervalo liguei para aquele meu namorado e ele terminou comigo porque disse que eu era doida. Voltei para o ginásio aborrecida pelo que ele me disse. Antes da Santa Missa, o padre pegou o microfone e disse: "Muitos jovens que estão aqui estão perdidos, mas Deus quer curá-los”. Parece que ele estava falando exatamente o que eu vivia. Continuou dizendo: "Jesus quer revelar no seu coração quem mais o magoou e você irá perdoá-lo, pois a partir daí o Senhor entrará em sua vida".
Chorei muito e comecei a orar em línguas e naquele momento eu tive a imagem dos meus pais. A ausência deles foi o que me afetou, sentia um vazio, era para eles que eu tinha de dar o perdão. Eu disse, na oração, que eu os perdoava e também lhes pedia perdão. O padre pediu que nós abríssemos os olhos e abraçássemos quem estava do nosso lado. Esse abraço iria para aquela pessoa que eu tinha perdoado. Quando olhei para o lado vi meus pais vindo em minha direção. Minha mãe sentiu que deveria ir ao encontro. Precisava ser daquele jeito.
Na terça-feira daquela semana eu fiz alguns exames para ver como estava uma gastrite que eu tinha por conta da bebida e depois dos exames eu soube que tinha sido curada. Depois daquilo eu só queria Deus. Toda semana eu me confessava, pois achava que eu era a pior pessoa do mundo. Comecei a participar da Eucaristia, a ler a Bíblia. Fui retomando minha vida. Como foi importante o acolhimento quando vivi uma experiência com Deus!
Os meus antigos amigos foram se afastando e foram dando lugar aos meus amigos de oração. Entrei na faculdade, fui dar catequese, comecei a cantar e pedi a Nossa Senhora que colocasse um homem de Deus em minha vida. Eu esperei este homem por 7 anos, até chegar à Canção Nova.
Mergulhando em Deus, um dia, eu vim a Aparecida e ouvi uma homilia sobre vocação de vida consagrada em uma comunidade. Isso me tocou. Deus me propôs que eu deixasse tudo e me consagrasse a uma comunidade. Comecei a conhecer a Canção Nova. Em 1999 eu entrei para a comunidade. Só Deus mesmo para fazer algo assim na minha vida.
Conheci o Fábio, começamos a namorar. Como queria que ele conhecesse meus pais fomos passar o Natal com minha família. E no dia 28 eu precisava estar na Canção Nova e meus pais nós trouxeram de carro. O nosso carro capotou. Fui para um hospital, quebrei a bacia, a clavícula, o braço, o punho e o pé. Fiquei toda quebrada. O Fábio também ficou muito machucado. Minha mãe também se machucou muito. Mas meu pai havia falecido. Eu não acreditava, passou um filme na minha cabeça. Pedi força para Deus, pois senão eu não iria aguentar.
Eu iria precisar de oito meses de tratamento e só pedia força para Jesus. As pessoas dos grupos de oração da cidade começavam a me visitar e a rezar comigo. Eu recebia Jesus Eucarístico todos os dias. Era possível sofrer e ainda sorrir. É possível, sim, é a força de Deus em nossas vidas. O Senhor mais uma vez venceu em minha vida. Três meses depois do acidente eu voltei para a Canção Nova, o que era para durar oito meses acabou em três [o tratamento].

O sofrimento existe e entra na nossa vida sem pedir licença. Precisamos deixar que Deus nos cure e aja em nossas vidas. Quem abraça a cruz é mais que vencedor. Estamos juntos nessa luta! Você vai conseguir, porque eu consegui. Olhe tudo pelo que eu passei para estar aqui; você também vai conseguir! Eu posso passar por algum sofrimento, mas a gente tem na bagagem festa e alegria porque nós sabemos de onde Deus nos tirou. Aguente firme! Abra o seu coração.

Eliana Ribeiro, Comunidade Canção Nova

JESUS DEU UM SUSPIRO PROFUNDO!

REFLEXÃO DO EVANGELHO

Mais uma vez, no texto de hoje, Jesus é alvo da oposição dos fariseus. Este vivem colocando-o a prova. Querem sempre sinais.
Marcos afirma que diante da reação desses interlocutores Jesus deu um suspiro profundo. Trata-se de um suspiro de cansaço diante da incredulidade e da dureza de seus corações. Faltam-lhes disposições interiores para acolher a Cristo e segui-lo.
Este é também o grande desafio dos catequistas, evangelizadores e dos pais que são primeiros responsáveis pela “transmissão” da fé aos filhos? Como vencer a incredulidade de tantos? Como fazer com que a figura adorável de Cristo seja anunciada e ele possa ser acolhido no fundo do coração das pessoas? Ontem, como hoje, para muitos falta abertura, humildade, capacidade de adesão. Poderíamos, quem sabe, dizer que as pessoas estão satisfeitas com seu mundo, suas coisas, seu universo.
Pode ser que esse Jesus anunciado venha desarrumar o universo de tantos que anda tão ajeitado segundo as conveniências da cultura hodierna, marcada pelo secularismo, pelo individualismo e pelo consumo. Pode ser que as solicitações de Jesus sejam, aos olhos de muitos, radicais demais (perdoar inimigos, ir além do pedido, buscar posições sem muito destaque no concerto das nações).
As pessoas são livres. Ninguém o obrigado a nada. Jesus não impõe. Os seus interlocutores pediam sinais... Jesus afasta. Respeita a liberdade. Em nossos dias, depois de muita dedicação aos filhos, de muitos empenhos pastorais de renovação, na busca de trilhas e caminhos novos talvez tenhamos nós, agentes de pastoral, a impressão que o coração das pessoas anda meio ou muito fechado.
Como abrir o coração das pessoas a Deus? Tarefa difícil. Parece importante mostrar-lhes, pela palavra e pelo exemplo, a fragilidade de arranjos existenciais que buscam sempre o indivíduo, suas momentâneas necessidades. Nossos ouvintes precisam compreender ( são livres para isso) que o Deus Altíssimo nos chama para uma felicidade profunda através do Filho Amado no qual Ele colocou todas as suas complacências. Quem puder entender, que entenda.
Os corações podem ser desbloqueados na medida em que os que anunciam Jesus Cristo falam daquilo que está cheio o coração. Há pessoas que “compreendem” as coisas da fé a partir de uma grande provação (insucessos profissionais, perda de entes queridos, despojamentos forçados...). Outros têm seus canais interiores desobstruídos na medida em que são objetos de oração sincera da parte de pessoas que os estimam. E todos podem se abrir na medida em que forem profundamente sinceros e humildes.

EVANGELHO: Marcos 8,11-13

Foram então os fariseus e começaram a discutir com Jesus. E para tentá-lo, pediam-lhe um sinal do céu. Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: "Por que essa geração pede um sinal? Eu garanto a vocês: a essa geração não será dado nenhum sinal". E, deixando-os, Jesus entrou de novo na barca e se dirigiu para a outra margem.