Os textos e fotografias produzidos pela equipe da PASCOM da Paróquia São José – C. dos Dantas podem ser livremente utilizados, mencionando-se o blog http://www.montedogalo2009.blogspot.com/ como fonte

14 de mar. de 2010

Depoimento em comemoração ao Centenário de nascimento de Dom Adelino

"Uno-me na oração às comemorações. Conheci e recordo-me muito bem de Dom Adelino, pois cheguei a Garanhuns, como seminarista menor dos Padres Redentoristas, dois meses antes que ele fosse nomeado como Bispo Diocesano de Garanhuns. Foi meu Bispo nos 4 anos que o Seminário dos Redentoristas permaneceu em Garanhuns, sendo transferido a seguir para Campina Grande, onde terminei meu seminário menor. Cinquenta anos depois, tive a surpresa de ser nomeado seu sucessor nesta Diocese.
Formulo os melhores votos de bom êxito nas comemorações, às quais me associo com prazer e sentimentos de gratidão a Dom Adelino.

Em Cristo, seu

+ Fernando Guimarães, 10º Bispo Diocesano de Garanhuns – 22/02/2010"

Centenário de Nascimento de Dom José Adelino Dantas

Assim escreveu Dom Heitor de Araújo Sales, quando Bispo de Caicó, sobre o seu Professor Dom José Adelino Dantas:

DOM JOSÉ ADELINO DANTAS

O Rio Grande do Norte pode se orgulhar de ter tido grandes e eminentes filhos. Entre eles, alinha-se, nos primeiros lugares, Dom José Adelino Dantas. Grande como sacerdote do Senhor, eminente como homem de cultura.
Ainda no primeiro ano de sacerdócio, foi chamado pelo então bispo de Natal, Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas, para desempenhar o importante cargo de reitor do Seminário de São Pedro. Todos os que passamos pelo Seminário de Natal de 1935 a 1952 podemos testemunhar a piedade, o zelo no serviço de Deus, a dedicação à Igreja daquele sacerdote que, pouco a pouco, ia plasmando na alma e no coração dos jovens a figura do colaborador íntimo do Salvador dos homens. Dom Adelino foi um homem de Igreja, profundamente fiel às diretrizes de seu Bispo e da Santa Sé. Fomentava não só a obediência ao Papa e ao Bispo, mas também o amor e o carinho. Ao celebrar a Santa Missa, sua fé transparecia em suas atitudes de profunda piedade e até no seu tom de voz. Qualquer coisa que pudesse denotar mesmo uma pequena irreverência por parte de alguém na Capela do Seminário era por ele imediatamente condenada. O fautoso repreendido com voz mansa, mas publicamente para servir de exemplo para os outros. Era seu amor pela Eucaristia que assim o levava a agir. Sabia participar da vida dos recreios, pois era um homem que sabia sentir com os outros. Assim, foi ele depois como 2º bispo de Caicó (1952-1958), como 6º bispo de Garanhuns (1958-1967), como 2º bispo de Rui Barbosa (1967-1975) e, finalmente, como bispo emérito em Carnaúba dos Dantas, terra que escolheu para, mesmo doente e alquebrado pelos anos, dar a Deus as últimas forças no desempenho na sua missão de sacerdote.
Mas, se brilhou tanto como sacerdote, não foi menor a sua luminosidade como homem de cultura. Profundo conhecedor da língua e da literatura latinas, foi grande professor de muitas disciplinas. Suas aulas jamais eram monótonas. Sabia transmitir os conhecimentos de maneira profunda e atraente. Com facilidade, compunha versos na difícil métrica da poesia latina. Foi um grande discípulo e grande amigo de Padre Monte, como ficou conhecido sábio e santo o Cônego Luiz Gonzaga do Monte. Nos tempos da segunda Guerra Mundial, serviu em Natal um tenente, metido a intelectual, que foi fragorosamente derrotado numa polêmica pelos jornais que se tornou famosa na época. Depois da morte do Padre Monte, o tenente voltou a atacar a Igreja. Veio, então, a campo o então Cônego Adelino demonstrando toda sua cultura suas qualidades de polemista. Ao final do primeiro artigo, concluiu: “O Pe. Monte morreu, mas seus discípulos estão vivos. Cuidado com eles!”
Durante toda a vida, guardou sempre o gosto pelos estudos e pela pesquisa. Soube sempre incentivar as grandes qualidades do seridoense, a quem também não poupava a crítica quando era necessária para fazê-lo crescer.
Foi assim D. Adelino. Grande figura humana. Sabia cativar a todos por sua conversa amiga, por sua grande bondade, por seu desprendimento. Foi uma glória para o Seridó.



(Do livro "Dom JOSÉ ADELINO DANTAS - 2º Bispo de Caicó-RN - Separata do Livro Carnaúba dos Dantas Terra da Música, de Donatilla Dantas")

4ª SEMANA DA QUARESMA

Ó Deus, tem piedade de mim,
conforme a tua misericórdia;
no teu grande amor
cancela o meu pecado.
(Salmo 50)


Nesta semana, conheçamos mais ainda o alcance da misericórdia, que começa no relacionamento com as pessoas que estão mais próximasde nós e nos dá alma nova para viver em sociedade, levando-nos à prática das chamadas "Obras de Misericórdia", aliadas à busca incansável da verdade e da justiça.

A misericórdia sempre será necessária, mas não deve contribuir para criar círculos viciosos que sejam funcionais a um sistema conômico iníquo. Requer-se que as obras de misericórdia estejam acompanhadas pela busca de uma verdadeira justiça social, que vá elevando o nível de vida dos cidadãos, promovendo-os como sujeitos de seu próprio desenvolvimento. Em sua Encíclica Deus Caritas est, o Papa Bento XVI tratou com clareza inspiradora a complexa relação entre justiça e caridade. Ali, disse-nos que "a ordem justa da sociedade e do Estado é uma tarefa principal da política" e não da Igreja. Mas a Igreja " não pode nem deve colocar-se à margem na luta pela justiça". Ela colabots purificando a razão de todos aqueles elementos que ofuscam e impedem a realização de uma libertação integral. Também é tarefa da Igreja ajudar com a pregação, a catequese, a denúncia e o testemunho do amor e da justiça, para que despertem na sociedade as forças espirituais necessárias e se desenvolvam os valores sociais. Só assim as estruturas serão realmente mais justas, poderão ser mais eficazes e sustentar-se no tempo. Sem valores não há futuro e não haverá estruturas salvadoras, visto que nelas sempre subjaz a fragilidade humana. A Igreja tem como missão própria e específica comunicar a vida de Jesus Cristo a todas as pessoas, anunciando a Palavra, administrando os sacramentos e praticando a caridade. É oportuno recordar que o amor se mostra nos obtasmais do que nas palavras, e isto vale também para nossas palavras nesta V Conferência. Nem todo o que diz Senhor, Senhor... (cf. Mt 7,21). Os discípulos missionários de Jesus Cristo têm a tarefa prioritária de dar testemunho do amor de Deus e ao próximo com obras concretas. Dizia São Alberto Hurtado: "Em nossas obras, nosso povo sabe que compreendemos sua dor".

O jejum indicado para esta 4ª semana, é tomar a iniciativa, ir à Igreja, redescobrir sua paróquia como sua casa, colocar-seà disposição para os serviços religiosos ou da caridade, conversar com seu pároco e dizer "aqui estou".

O PAI CORREU A SEU ENCONTRO

«Um pai tinha dois filhos...». Basta ouvir estas palavras para que quem tem uma mínima familiaridade com o Evangelho exclame imediatamente: a parábola do filho pródigo! Em outras ocasiões, sublinhei o significado espiritual de parábola: dessa vez eu gostaria de sublinhar nela um aspecto pouco desenvolvido, mas extremamente atual e próximo da vida. Em seu fundo, a parábola não é senão a história de uma reconciliação entre pai e filho, e todos sabemos quão vital é uma reconciliação assim para a felicidade tanto de pais como de filhos.
Por que será que a literatura, a arte, o espetáculo, a publicidade, se aproveitam de uma só relação humana: a de fundo erótico entre o homem e a mulher, entre esposo e esposa? Publicidade e espetáculo não fazem mais que cozinhar este prato de mil maneiras. Deixamos, no entanto, sem explorar outra relação humana igualmente universal e vital, outra das grandes fontes de alegria da vida: a relação pai-filho, a alegria da paternidade. Na literatura, a única obra que trata realmente desse tema é a «Carta ao pai», de F. Kafka (a famosa novela «Pais e filhos», de Turgeney, não trata na verdade da relação entre pais e filhos, mas entre gerações diferentes).
Se, ao contrário, mergulhássemos com serenidade e objetividade no coração do homem, descobriríamos que, na maioria dos casos, alcançar uma relação intensa e serena com os filhos é, para um homem adulto e maduro, não menos importante e satisfatória que a relação homem-mulher. Sabemos quão importante é esta relação também para o filho ou a filha e o grande vazio que deixa sua ruptura.
Assim como o câncer ataca habitualmente os órgãos mais delicados do homem e da mulher, a potência destruidora do pecado e do mal ataca os núcleos vitais da existência humana. Não há nada que se submeta ao abuso, à exploração e à violência como a relação homem-mulher, e não há nada que esteja tão exposto à deformação como a relação pai-filho: autoritarismo, paternalismo, rebelião, rejeição, falta de comunicação.
Não podemos generalizar. Existem casos de relações belíssimas entre pai e filho e eu mesmo conheci várias delas. Mas sabemos que há também, e mais numerosos, casos negativos de relações difíceis entre pais e filhos. No profeta Isaías se lê esta exclamação de Deus: «Eu criei filhos e os eduquei, e eles se rebelaram contra mim» (Is 1,2). Creio que muitos pais hoje em dia sabem, por experiência, o que estas palavras querem dizer.
O sofrimento é recíproco; não é como na parábola, onde a culpa é única e exclusivamente do filho... Há pais cujo sofrimento mais profundo na vida é ser rejeitados ou até desprezados pelos filhos. E há filhos cujo sofrimento mais profundo e inconfessado é sentir-se incompreendidos, não estimados ou inclusive rejeitados pelos pais.
Insisti no aspecto humano e existencial da parábola do filho pródigo. Mas não se trata só disso, ou seja, de melhorar a qualidade de vida neste mundo. Entra no esforço de uma nova evangelização a iniciativa de uma grande reconciliação entre pais e filhos e a necessidade de uma cura profunda de sua relação. Sabe-se o muito que a relação com o pai terreno pode influir, positiva ou negativamente, na própria relação com o Pai celestial e, portanto, a própria vida cristã. Quando nasceu o precursor João Batista, o anjo disse que uma de suas tarefas seria a de «fazer voltar os corações dos pais aos filhos e os corações dos filhos para os pais» [cf. Lc 1,17. ndr], uma missão mais atual que nunca.

Frei Raniero Catalamessa, ofmcap

4º DOMINGO DA QUARESMA




EVANGELHO: Lucas 15,1-3.11-32



Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: «Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!» Jesus continuou: «Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Então se levantou, e foi ao encontro do pai.
Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa.
O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.»