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16 de abr. de 2010

Fé, luz da vida

O período pascal é tempo propício para refletir sobre a vida à luz da fé. Ter fé na pessoa de Jesus Ressuscitado é aceitar suas promessas de vida plena e eterna. Felizes aqueles que acreditam e mantém a vida aberta aos valores maiores e iluminadores da existência humana. Esta só tem a ganhar com a luz da fé.
Quem crê procura viver conforme a crença que dá sentido e direcionamento à vida. Crer é deixar que a luz de Deus ilumine o seu caminho. O ser humano carrega a necessidade de voltar-se para algo maior que o mova para além de si mesmo. Este anseio se converte em esperança que faz a pessoa caminhar com confiança na busca de uma vida feliz. A felicidade é a maior promessa para o ser humano e a fé mostra o caminho para alcançá-la.
. Abraão, o pai da fé, como é denominado, seguiu as orientações divinas e acreditou em tudo que do Senhor ouviu. Mais ainda: fez tudo conforme Deus lhe instruía. Assim, sua vida passou a ser uma relação amiga com Deus. Ele falava com Deus, ouvia a sua palavra e obedecia. Então, as promessas foram se realizando, mesmo quando já não se tinha mais razões humanas para continuar acreditando. Foi assim que Abraão tornou-se pai de uma imensa geração. Ele é pai de todos os que acreditam no Deus único e verdadeiro.
A experiência de Abraão é exemplar. O seu sucesso reside no fato de que se deixou guiar por Deus. Ora, todo aquele que crê em Deus se orienta por sua Palavra. A Palavra divina encarnada é Jesus Cristo, que foi morto e, depois de três dias, ressuscitou. Para a comunidade cristã primitiva, aquela dos apóstolos e primeiros discípulos, o fator determinante para a sua existência é crer em Jesus e seguir as suas orientações para construir um mundo de paz, justiça e felicidade.
Crer no Ressuscitado é aceitar a possibilidade da vida continuar existindo depois da morte. Quem assume esta crença passa a considerar a vida como destinada à eternidade. Este fato dá ao ser humano um sentido totalmente novo. É que para chegar à vida eterna se faz necessário viver bem cada instante desta vida. Por isso, nasce da crença no Ressuscitado a ética que valoriza a vida em sua totalidade. Daí almejar a eternidade implica, aqui e agora, amar, promover, defender e cuidar da vida em todas as suas fases e manifestações.
Deste modo, crer é acolher a vida revestida com os raios de luz que emanam da eternidade. Somente por tais raios pode-se conectar a humanidade a Deus, fonte e origem de toda vida.
O olhar de quem tem fé é contemplativo. Vislumbra na criação a força poderosa da vida que Deus aí deixou. Sente a mão do Criador moldando e aprimorando todas as coisas. Extasia-se diante do Filho de Deus que veio ao mundo para reorientá-lo a fim de que alcance a plenitude. Reconhece a luz divina brilhando e enchendo a história da plenitude da sabedoria, que é o amor.
A fé dá à vida humana uma qualidade essencial que é a capacidade de religá-la à sua origem e impulsioná-la para a total realização.
Vivamos o tempo pascal à luz da fé no Ressuscitado e re-significando a nossa vida para que ela se encha de esperança e paz.
Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz
Bispo Diocesano de Caicó/RN

UM MENINO QUE TINHA CINCO PÃES

REFLEXÃO DO EVANGELHO

Belo e tocante é o discurso do pão da vida do evangelho de João (cap.6). Jesus e os seus discípulos mais chegados, num determinado momento, se acharam diante de uma necessidade bem concreta: conseguir alimento para uma multidão que andava atrás de Jesus. As pessoas, principalmente os doentes, vendo os sinais que Jesus colocava, andavam atrás dele à cata de milagres. Jesus faz questão de dizer, aqui e ali nos evangelhos, que não se faz ilusão. Muitos andam atrás dele não com uma intenção das mais puras. Mas Jesus não foge do concreto. “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” Segundo o evangelista, Jesus, mesmo fazendo a pergunta, já tem a intenção de colocar o sinal da multiplicação.
Há um pormenor curioso. André diz a Jesus: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que isso para tanta gente?” E Jesus vai tomar os pães do garoto. Não se diz nada a respeito dos peixes... Talvez os tenha levado para casa....E o menino desaparece, não é mais mencionado.
As pessoas vivem, ao longo de sua existência, situações delicadas: doença de familiares, fome, desemprego, aflições. Todas essas “emergências” existenciais causam sofrimento,provocam aflição. Os que a padecem sentem-se impotentes e por vezes se entregam ao desânimo. De repente, uma ajuda aqui, um sinal de solidariedade ali e as situações perdem sua dramaticidade.
Jesus tem a intenção de colocar o sinal da multiplicação, mas quer que alguma coisa venha de seus circunstantes... Por sorte havia ali aquele menino... Cinco pães e dois peixes não era muita coisa. Talvez tivesse ele adquirido aquele alimento a pedido da mãe e o levava para matar a fome dos seus. O texto não diz se o menino regateou, nem se o forçaram a dar o que tinha a André. Fato é que esse pouco se tornou muito. Mesmo tendo dado o que tinha pôde depois levar muito mais para sua casa porque, com o que sobrou, se encheram doze cestos!
A colaboração e importante. Os céus não resolvem nossos problemas quando ficamos de braços cruzados. É preciso fazer a nossa parte. O milagre de um casamento que se restaura depende do empenho, do esforço dos gestos pequenos feitos pelas partes. Deus pode operar milagre por sobre o que já foi tentado. A solução para a eliminação da doenças no país vem de políticas justas, mas também da dedicação convicta das pessoas que aprenderam a se colocar a serviço dos outros. Cada um tem que fazer a sua parte.
Diante do milagre da multipliação as pessoas queriam fazer de Jesus rei e tudo o mais. E ele fugiu sozinho para o monte...
E o menino, que fim levou? Como era seu nome? Qual foi a reação de seus parentes quando chegou à casa cheio de pães e de festa no coração?

EVANGELHO DO DIA - João 6,1-15

Depois disso, Jesus foi para a outra margem do mar da Galiléia, também chamado Tiberíades. Uma grande multidão seguia Jesus porque as pessoas viram os sinais que ele fazia, curando os doentes. Jesus subiu a montanha e sentou-se aí com seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, festa dos judeus. Jesus ergueu os olhos e viu uma grande multidão que vinha ao seu encontro.
Então Jesus disse a Filipe: «Onde vamos comprar pão para eles comerem?» Jesus falou assim para testar Filipe, pois sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: «Nem meio ano de salário bastaria para dar um pedaço para cada um.» Um discípulo de Jesus, André, o irmão de Simão Pedro, disse: «Aqui há um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, o que é isso para tanta gente?»
Então Jesus disse: «Falem para o povo sentar.» Havia muita grama nesse lugar e todos sentaram. Estavam aí cinco mil pessoas, mais ou menos. Jesus pegou os pães, agradeceu a Deus e distribuiu aos que estavam sentados. Fez a mesma coisa com os peixes. E todos comeram o quanto queriam. Quando ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: «Recolham os pedaços que sobraram, para não se desperdiçar nada.» Eles recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães que haviam comido.
As pessoas viram o sinal que Jesus tinha realizado e disseram: «Este é mesmo o Profeta que devia vir ao mundo.» Mas Jesus percebeu que iam pegá-lo para fazê-lo rei. Então ele se retirou sozinho, de novo, para a montanha.