Os textos e fotografias produzidos pela equipe da PASCOM da Paróquia São José – C. dos Dantas podem ser livremente utilizados, mencionando-se o blog http://www.montedogalo2009.blogspot.com/ como fonte

11 de mai. de 2010

DISCÍPULOS E SERVIDORES DA PALAVRA DE DEUS E A MISSÃO DA IGREJA NO MUNDO



Como é do conhecimento de todos, durante esses dias estamos reunidos em Brasília para a 48ª Assembléia Geral dos Bispos do Brasil. Este ano nossa Assembléia tem como tema principal a Palavra de Deus, da qual devemos ser discípulos e servidores, e cuja eficácia ilumina e impulsiona a missão da Igreja no mundo. É um tema bastante importante, levando em conta que a Palavra de Deus é fonte primária da Revelação divina e, como bem nos recorda a Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, deve ser como que “a alma da Teologia”.
Auscultando, portanto, os sinais dos tempos, sentimos uma urgente necessidade de nos colocarmos ainda mais insistentemente aos pés do Senhor, que nos “revela as Escrituras e parte o pão para nós” (cf. Lc 24, 28-32). Seguindo as tendências do último Sínodo dos Bispos, realizado em Roma, no ano de 2008, que teve como objeto de trabalho justamente a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja, e fazendo eco a esta bela iniciativa, a CNBB quer propor ao povo brasileiro uma redescoberta da riqueza e profundidade contidas na Sagrada Escritura, o que certamente favorecerá não somente a edificação das pessoas em particular ou da Igreja, mas da inteira sociedade.
Antes de mais nada, é importante ressaltar que a Palavra de Deus é uma pessoa, a pessoa do Filho de Deus, consubstancial ao Pai e ao Espírito, existente desde toda a eternidade; e que essa Palavra tomou a nossa carne, entrou na nossa história, com um rosto e um nome: Jesus Cristo! Jesus é a Palavra Eterna do Pai feita homem, e Nele nós temos a plenitude da Revelação. Diante de Cristo, de sua pessoa e de sua palavra, o ser humano não pode permanecer indiferente, mas é convidado a responder com a obediência da fé, o que o torna participante da dinâmica do Reino e transmissor dessa mesma divina palavra. “A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (1Jo 1,12).
A Palavra de Deus, celebrada na liturgia, assimilada na catequese e meditada pelos fiéis, principalmente através do salutar método da Lectio Divina, promoverá, sem dúvidas, uma renovação de toda a vida e a ação pastoral da Igreja, como bem nos pede o Documento de Aparecida e as diretrizes gerais para a ação evangelizadora do Brasil. O resultado esperado para essa maior atenção à Palavra de Deus é a “animação bíblica da pastoral”; mas, para que isto aconteça, é necessário superar os limites ainda sentidos de uma “pastoral da cristandade” e implantar corajosamente uma pastoral de comunhão, que procure atender às necessidades dos fiéis e responda aos questionamentos do mundo de hoje (cf. DAp 371).
Só a Palavra de Deus pode dar sentido e finalidade última para a pessoa, dar consistência e espírito solidário para a comunidade, criar inclusão e paz para a sociedade. A missão da Igreja no mundo, portanto, deve necessariamente partir desse contato íntimo com Deus e a Palavra que O revela, sem o qual esta mesma missão se tornaria infecunda e infrutífera. Todos os batizados são chamados a redescobrir o valor perene das Sagradas Escrituras para a sua vida e a vida da sua comunidade. Cabe a nós, pastores e ovelhas, acolher com sabedoria esta Palavra em nossos corações e sermos fiéis a quanto ela nos pede, deixando-nos contagiar pela ação do Espírito Santo, que é não somente o seu Autor, mas também o guia de sua reta interpretação.
Permaneçamos unidos em oração, suplicando ao Pai das luzes que acompanhe os trabalhos de nossa Assembléia Geral, e que a bênção do Senhor esteja com todos nós!

Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap
Bispo Diocesano de Caicó/RN

AQUELE QUE ESTÁ PARA PARTIR

Preparamo-nos para a festa da Ascensão. Continuamos a ler trechos do quarto evangelista: “Agora parto para aquele que me enviou e nenhum de vós me pergunta ‘para onde vais’?”

Curta foi a trajetória desse Jesus, o Nazareno. Nascimento singelo, infância comum, vida escondida, uns poucos anos andando, pregando, acolhendo, vivendo com as pessoas, falando das coisas do Pai com quem ele dizia ter grande intimidade. Durante uns minguados três anos andou, foi de um lado para o outro, sem toca para morar, sem pedra para reclinar a cabeça, curando, conversando, sendo atropelado pelas multidões, vivendo, simplesmente vivendo. Um dia está no templo e observa o gesto puro de uma pobre viúva que coloca no tesouro do templo tudo o que tem. Fica admirado com tanta generosidade. Sofre com uma outra viúva que ia levando para o cemitério o corpo de seu filho único. Fixa os olhos numa mulher que tinha sido surpreendida em adultério, pede que se lhe seja atirada primeira pedra por aquele homem acusador que não tivesse pecado. Chora diante de Jerusalém, chora diante do túmulo de Lázaro. Tem seu rosto cheio de luminosidade no alto da Montanha, rosto tão lindo e momento tão celestial que os apóstolos pensam ter chegado ao fim, mas não era o fim. Esse mesmo rosto tão cheio de luz, pouco tempo depois está marcado pela feiúra do abandono, dos escarros, do sangue do suor.

E as coisas vão se atropelando: uma ceia de despedida, o lavapés, o pão e o vinho, o suor de sangue no Jardim das Oliveiras, o beijo de Judas, o processo, a dor, a solidão, o abandono, a morte, a visita à mansão dos mortos e a chegada de volta ao ponto de partida. Tinha tido um projeto que lhe havia sido confiado pelo Pai: anunciar a boa nova aos corações partidos, anunciar um ano de graça, fazer com que as frontes dos homens fossem ungidas por sua força de Ungido. Morre e volta para o Pai. E promete o Defensor...

Os apóstolos experimentam tristeza. Ele, o esposo estava de partida. Mas há a promessa de uma força que vem do alto. Ele convencerá o mundo do pecado...

Santo Epifânio fala que Cristo veio ao mundo buscar a ovelha perdida. Ao voltar, na ascensão, diz: “Pai, encontrei a ovelha perdida que a serpente havia induzido ao erro. Tendo-a visto, coberta pela lama de uma vida de pecado, estendendo a minha mão divina, imediatamente a levantei e, impelido por uma profunda compaixão, lavei-a no rio Jordão, perfumando-a depois com a unção do Espírito Santo. Agora, ressuscitado, venho à tua presença para oferecer à tua divindade este dom digno de ti: a ovelha reencontrada” (Lecionário Monástico III, p.547)

EVANGELHO DO DIA - João 16,5-11

Disse Jesus: "E ninguém de vocês pergunta para onde eu vou? Mas porque eu lhes disse essas coisas, a tristeza encheu o coração de vocês. Entretanto, eu lhes digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá embora, porque, se eu não for, o Advogado não virá para vocês. Mas se eu for, eu o enviarei. Quando o Advogado vier, ele vai desmascarar o mundo, mostrando quem é pecador, quem é o Justo e quem é o condenado. Quem é pecador? Aqueles que não acreditaram em mim. Quem é o Justo? Sou eu. Mas vocês não me verão mais, porque eu vou para o Pai. Quem é o condenado? É o príncipe deste mundo, que já foi condenado.»