Os textos e fotografias produzidos pela equipe da PASCOM da Paróquia São José – C. dos Dantas podem ser livremente utilizados, mencionando-se o blog http://www.montedogalo2009.blogspot.com/ como fonte

9 de jul. de 2010

Qual a influência da fé na política?

Essa pergunta foi feita ao Cardeal emérito de Milão, Carlo Maria Martini, em diálogo com o Pe. Georg Sporschill, que desenvolve um belo trabalho com meninos de rua na Romênia e na Moldávia. Ambos se encontraram em Jerusalém e passaram noites inteiras em perguntas e respostas. Uma das perguntas foi exatamente esta: Qual a influencia da fé na política?

O Cardeal respondeu: "Como cristãos, olhamos para Jesus. Ele é o fundamento de algo totalmente novo: a Igreja. Jesus realiza a missão de Deus ao criar um segundo instrumento para a paz, ao lado do povo escolhido primeiramente, o povo de Israel. Com isto Jesus se coloca na linha de frente. Jesus enfrentou todas as autoridades políticas: Herodes, Pilatos, o Sinédrio, os partidos dos fariseus e dos saduceus. Ele lutou apaixonadamente pela justiça e queria mudar o mundo. A Igreja de Jesus Cristo deve trabalhar para que o mundo se torne mais justo e mais pacífico.

Segundo a Bíblia, a justiça está acima do direito e da misericórdia: é um atributo fundamental de Deus. Justiça significa comprometer-se com os desprotegidos. Justiça significa intervir de forma ativa e ofensiva por uma convivência onde todos vivam em paz. A Justiça deve vigiar para que o direito, tal como está formulado nas leis, possibilite uma vida digna para todos. Jesus deu sua vida pela justiça. Procurou o diálogo com os poderosos... e eles se sentiram incomodados por Ele.

Jesus se pôs do lado dos pobres, dos sofredores, dos pecadores, dos pagãos, dos estrangeiros, dos oprimidos, dos famintos, dos presos, dos humilhados, das crianças e das mulheres. Quem se põe do lado das pessoas sem pastor, quem as reúne e as conscientiza, se torna perigoso para os detentores do poder. Sempre que cristãos assumem a opção pelos pobres feita por Jesus, devem ainda hoje contar com perseguições" (Diálogos Noturnos em Jerusalém, pg.149-150, Paulus).

O princípio de que "a fé sem obras é morta" permanece como grande desafio do testemunho pessoal e social dos cristãos, e exige um efetivo compromisso na transformação das estruturas injustas que oprimem e matam a vida dos indefesos. Os bispos do Brasil, ao celebrar os 500 anos de Evangelização, escreveram: "Desejamos, confiantes, renovar a nossa fé.

Proclamamos que Jesus Cristo é a nossa esperança. Sua presença no meio de nós é a garantia de que a semente do Evangelho jamais será sufocada ou destruída pelas forças do mal. Ela é destinada a tornar-se a espiga que dará muitos grãos e a árvore que oferecerá abrigo a muitas aves" (Doc. CNBB 65, nº 63). A semente da Palavra de Deus em nossos corações é a certeza de uma sociedade justa, solidária e repleta de fraternidade.

A fé cristã une estreitamente o amor a Deus ao amor aos irmãos. Um não pode ser autêntico sem o outro. "Se alguém disser: amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê" (Jo 4,20). Em outras palavras: "O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dignidade da pessoa, e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho" (Doc. CNBB, nº 65). Por isso a fé tem tudo a ver com a política, que tem como primeira e mais importante missão a busca do bem comum de todos e a luta pela justiça social. Sem a fé nos tornamos ditadores dos outros e de nós mesmos.

Dom Anuar Battisti

MISSIONÁRIOS; SINAIS DE CONTRADIÇÃO

“Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos...”. Desde a nossa adolescência e juventude nos impressionaram alguns relatos evangélicos que falavam da oposição de muitos às palavras de Jesus e dos apóstolos. Os enviados passam a impressão de serem sinais de contradição. Tivemos em mãos livros sobre os mártires, pessoas que morreram por causa do anuncio do evangelho. Francisco de Assis e Antonio de Pádua quiseram ir ter junto aos povos pagãos para darem o testemunho de suas vidas na transmissão do legado evangélico. Os missionários, os verdadeiros evangelizadores, sabem que seu modo de ser, sua postura de vida e a fala simples de seus lábios provoca distância. Não se trata de querer sempre provocar os outros. Os missionários não podem, evidentemente, ter a primeira pretensão de provocar a irritação de seus ouvintes. Mas o simples fato de viver é o bastante para que muitos de nossos ouvintes tomem certa distância. Acontece que missionário verdadeiro se sente sozinho, deixado de lado.
Jesus já havia advertido: somos enviados como ovelhas no meio de lobos. Não dá para dourar a pílula e anunciar um evangelho acomodatício.
Os missionários serão espertos como as serpentes e simples como as pombas, ou seja, traçarão planos, pensarão em estratégias, não são ingênuos... e ao mesmo tempo serão daqueles que se jogam no braços do Pai e de seu Cristo que os envia em missão na família, na comunidade, no mundo do trabalho e do lazer.
Os missionários podem ser levados aos tribunais. Não deverão temer. Responderão às perguntas feitas, sabendo que naquele momento quem falará por eles e neles é o Espírito Santo.
Bem oportunas e sábias as considerações do Missal Cotidiano da Paulus: “A fragilidade da Igreja contrasta com a força do mundo. É o mesmo contraste manifestado por Cristo em sua pessoa. Os judeus esperavam um rei poderoso e triunfador e ele se apresenta inerme e tranqüilo; é tão pobre que não tem onde reclinar a cabeça, mas dá prodigiosamente pão a milhares de pessoas. Diante de Pilatos proclama-se rei: no entanto se deixa prender, flagelar, conduzir à morte como malfeitor. Programa nada fácil para a Igreja, continuamente tentada a assumir as mesmas posições do mundo, aparentemente mais eficazes. Todas as vezes que ela se revestiu de poderio, afastou-se do espírito de seu Fundador e secaram as fontes de sua ação. O discípulo de Cristo, como o Mestre, é testemunho de pobreza, simplicidade, humildade, assim como se coragem e clareza de posições em todas as circunstâncias, pronto a suportar com paciência toda injúria, pronto a denunciar toda injustiça. Prudentes como as serpentes, simples como as pombas” (p. 1011).

Fonte: www.franciscanos.org.br

EVANGELHO: Mateus 10,16-23

Jesus disse aos discípulos: «Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês. O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. Vocês serão odiados de todos, por causa do meu nome. Mas, aquele que perseverar até o fim, esse será salvo. Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. Eu garanto que vocês não acabarão de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem."
PALAVRAS DA SALVAÇÃO -Glória a vós, Senhor

8 de jul. de 2010

COMO EVANGELIZAR?

Os missionários, os amigos do Esposo, os que foram tocados pela misericórdia do Senhor, são convidados a ir pelo mundo. Através de seu jeito simples e sincero de viver, os homens passam a se questionar. Há a pregação pelo testemunho. “Por força deste testemunho sem palavras, os cristãos fazem aflorar no coração daqueles que os vêem viver, perguntas indeclináveis: Por quem é que eles são assim? Por que vivem desta maneira? O que é – ou quem é – que os inspira? Por que é que eles estão conosco?” ( Evangelii nuntiandi, n. 21).
Os enviados anunciarão a proximidade do reino. Há uma urgência. Não se pode protelar a resposta. O mundo novo, agora, com a presença de Jesus está próximo e mesmo muito próximo. Uma tal proximidade e esse clima de urgência constituem um convite a que as pessoas procurem mudar o seu interior. Que não continuem vivendo seca e mediocremente. Precisarão fazer o êxodo de si mesmas e entregar-se a esse Mestre que enviara os apóstolos. Essa transformação interior recebe o nome de conversão.
Os que de graça recebem, de graça deverão dar. Não se cobra pela evangelização. É gesto gratuito. Que sentido tem receber salário aquele que anima o canto na liturgia? Os que fomos objeto de graça generosa, generosamente damos aos outros o melhor de nós mesmos.
Os operários do Evangelho são pobres. Francisco de Assis, ao ouvir esse evangelho da Missão, ficou encantado. “É isso que eu quero, isso que busco de todo o coração!!!” Não levar nem ouro, nem bolsa, nem prata, nem prepotência no trabalho missionário.
Nem duas túnicas, nem reservas... uma aventura gratuita e feita por pobres que sabem ser instrumentos de Alguém que os precede e os acompanha no pastoreio. Nossas paróquias, algumas vezes, podem passar a impressão de serem centrais burocráticas, fortemente marcadas pelo caráter administrativo.
Os missionários andarilhos se hospedarão na casa de gente digna.
Ao entrarem numa casa dizem mensagem da paz... e, se as pessoas forem dignas, serão cobertas pelo manto da paz.
Falem, ensinem, preguem. Se por acaso algumas pessoas ou grupos rejeitarem, saiam da cidade. Ninguém é obrigado a seguir a proposta dos apóstolos. Quando forem rejeitados que sacudam a poeira dos pés. Se aqui ou ali pessoas não quiserem ouvir os apelos da vida e da palavra de nossas comunidades haveremos de nos dirigir a outros espaços, onde seremos acolhidos e lançaremos a semente em outros terrenos.
Os discípulos de Jesus experimentam a alegria de serem enviados. Não ficam em seu mundo acanhado. Inventam caminhos novos e percorrem estradas inusitadas, sempre na convicção de serem enviados, com a certeza de que o Mestre os precede e os anima.

Fonte: www.franciscanos.og.br

EVANGELHO: Mateus 10,7-15

"Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, dêem também de graça! Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento. Em qualquer cidade ou povoado onde vocês entrarem, informem-se para saber se há alguém que é digno. E aí permaneçam até vocês se retirarem. Ao entrarem na casa, façam a saudação. Se a casa for digna, desça sobre ela a paz de vocês; se ela não for digna, que a paz volte para vocês. Se alguém não os receber bem, e não escutar a palavra de vocês, ao sair dessa casa e dessa cidade, sacudam a poeira dos pés. Eu garanto a vocês: no dia do julgamento as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos rigor do que essa cidade.»
PALAVRAS DA SALVAÇÃO - Glória a vós, Senhor

7 de jul. de 2010

JORNAL KYRIE - Mês de Julho/2010










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Fazer o mesmo

Quem faz o bem deve ser seguido pelos seus admiradores. O bem cabe em todos os espaços e tempo. Ele está sempre dando qualidade de vida para as pessoas. É o que aconteceu com o gesto do bom samaritano, que viu alguém caído na estrada por onde passava. Sua atitude foi de compaixão e misericórdia.

Fazer o bem não depende de saber quem é o próximo, mas de se fazer próximo daquele que passa necessidade. É o que acontece quando doamos alguma coisa para ajudar os flagelados de uma catástrofe. Ajudamos a desconhecidos, mas irmãos e pessoas que devem ter dignidade e vida feliz.

O amor ao próximo é o resumo de todos os princípios da vivência cristã, a alma e a vida dos mandamentos. Ele não exclui ninguém e ocasiona a superação de todas as atitudes más e individualistas. Revela sensibilidade e acolhida aos abandonados pela atual cultura excludente.

Fazer o mesmo que foi feito pelo bom samaritano, no contexto bíblico, significa abolir os preconceitos raciais, religiosos, culturais e sociais. É a ação da gratuidade, evitando considerar próximo como objeto de caridade. A prática do verdadeiro amor abre caminho para novas relações humanas e fraternas.

Devemos sempre rever as nossas escolhas e opções, começando do coração, seguindo bons exemplos de amor ao próximo, entendendo as condições da humanidade sofrida e ferida em todo tipo de barreiras e preconceitos. Sendo atitudes do coração, não importa muitos conhecimentos de doutrina e prática de ritos religiosos.

Existem muitas formas de praticar a solidariedade. O importante é lutar pela integridade das pessoas, despertando esperança de superação das dificuldades. As realidades injustas precisam ser transformadas para dar suporte a uma vida feliz. Existem muitas pessoas caídas nas estradas da vida, feridas, perdidas, com medo e sem segurança.

A nossa luta deve ser de transformar a realidade social, de realizar ações solidárias com atitude de compaixão. Isto significa assumir o mesmo gesto do bom samaritano, prestando socorro a quem está abandonado, caído e desvestido de sua dignidade.

Dom Paulo Mendes Peixoto