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23 de jan. de 2010

ELE PARECIA ESTAR FORA DE SI

REFLEXÃO DO EVANGELHO - Marcos 3,20-21


Um sentimento que parece ter acompanhado Jesus ao longo de sua vida foi o de uma certa solidão. Muitas vezes não sendo compreendido, vivia essa experiência de não comunhão com os que o cercavam. Entendamo-nos bem. Jesus estava sempre em comunhão com o Pai. Tinha certeza de sua presença e proximidade. Esta nunca foi rompida. Algumas pessoas que ouviam o Mestre da Galiléia tinham dificuldade em compreender a sua identidade e não acolhiam sem mais suas posturas. Os evangelhos estão perpassados de reações hostis. Estas partem, de modo particular, dos “religiosos” da época, desses fariseus tão desejosos de serem fiéis à lei e, ao mesmo tempo, tão endurecidos de coração. Se de um lado as multidões não davam descanso a Jesus, depois de toda agitação, todos iam embora e Jesus ficava sozinho tendo ainda que “administrar” as perplexidades do coração de seus discípulos, tão tardos para crer. Jesus é, certamente, alguém que não consegue sempre interlocutores capazes de entendê-lo. Tem, é verdade, alguns amigos. Entre esses Marta, Maria e Lázaro. Chega mesmo a chorar diante do túmulo deste último. Algumas vezes, é verdade, umas poucas vezes, os evangelhos dizem que alguns dos miraculados passaram a seguir Jesus. Talvez estes, por gratidão e graça, tenham compreendido melhor o Mestre e criaram com ele comunhão.
A solidão acompanha a muitos. O sacerdote, muitas vezes imbuído das melhores intenções, não é compreendido. É taxado de radical, de “mandão”, de ditador. Depois de acompanhar pastoralmente a pessoas e grupos ele se dá conta que uns e outros desapareceram.
Ou estes estão pregando em outras plagas ou descobriram o encanto de grupamentos religiosos marcados pelo “emocionalismo”. Solidão... Vejo Jesus suspenso entre o céu e a terra. Aos pés da cruz Maria, sua mãe e o discípulo amado. Com o olhar turvo pelo sangue e suor Jesus se remexe na cruz, sente-se só. Onde estão todos aqueles que haviam escutado sua palavra, que foram arrancados das trevas e levados à luz? Onde estão aqueles que de paralíticos se transformaram em caminhantes lépidos, esses surdos que ouvem tudo, mas agora não escutam os suspiros doloridos daquele que morre na cruz. E mesmo o Pai parece tê-lo abandonado. “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”A solidão acompanha o casal que não consegue sempre exprimir nos gestos e nas palavras aquilo que existe no fundo de seus corações. Solidão dos pais diante de posturas desconcertantes de seus filhos, discípulos da sociedade do egoísmo, do individualismo e do consumismo. Que fazer? Solidão dos cristãos conscientes de seu pecado, da fragilidade de suas vidas, que clamam ao Senhor, que sabem poder contar com sua força, mas que se sentem sós.Jesus não teve apenas a oposição de gente de fora. As poucas linhas do texto de hoje nos falam da resistência de sua parentela. À porta da casa de Jesus, uma multidão. Uma loucura. Ele parecia louco. Quando os parentes souberam disso saíram para agarrá-lo porque diziam que estava “fora de si”.

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