Os textos e fotografias produzidos pela equipe da PASCOM da Paróquia São José – C. dos Dantas podem ser livremente utilizados, mencionando-se o blog http://www.montedogalo2009.blogspot.com/ como fonte

15 de mai. de 2010

O ANUNCIO DA PARTIDA

Eu saí do Pai e vim ao mundo; e novamente parto do mundo e vou para o Pai. Chegou um determinado momento em que aquele que havia cativado a tantos precisava partir. Não podia perpetuar sua presença entre nós. É sempre triste quando um amigo parte. Fica um aperto no peito e um arranhado incômodo na garganta. Esse Jesus que havia convivido com os seus por um certo tempo estava de partida: nosso apoio, nosso sustentáculo, aquele que era bom, de uma bondade modesta, simples. Tivemos mesmo a tentação de tomar essa sua bondade como uma bondade comum. Ele nos trouxe uma chave para compreender a vida, para interpretar o indecifrável enigma da existência. No horizonte de nossa vida nos mostrou um Pai que nos ama. Ele, esse Jesus, era a misericórdia de Deus, a sabedoria eterna morando entre nós. Pudemos representar Deus de uma outra forma, diferente das abstrações dos filósofos. Em Jesus estava a misericórdia, a graça e a proximidade de Deus. Na verdade, ele não poderia continuar eternamente entre nós. Sabiam os seus mais próximos que sua partida seria inevitável.

Ele havia feito tudo o que era preciso fazer. Tinha deixado cair a última gota de sangue para umedecer a terra e apagar o pecado. Tudo estava feito desde o momento em que ele fez da noite do Gólgota o dia de seu amor e que havia dito aos seus que assim se podia ser vitorioso, dando a vida mesmo no meio de agruras. Não estou só, porque o Pai está comigo! Ele podia, de fato, dizer: Para vós é bom que eu parta...

Com a ascensão do Senhor nossa natureza é levada para as alturas. Ele havia assumido a carne frágil, o espírito humano não luminoso, cheio de trevas.

Ele levou para as alturas o que eu sou: meus problemas, meus enigmas, tudo isso semelhante a um bando de ratos produzindo assobios estranhos procurando uma saída da jaula desesperadamente... Ele está na gloria não somente com seu espírito, mas também com seu corpo. Levou para o céu o que é nosso...

Subiu ao Pai está sentado à direita de Deus Pai. Jesus, na eternidade, pousa sobre mim um olhar humano transfigurado, o Verbo de Deus, a Palavra que se exprime totalmente.

“A Ascensão é a realização divina que contém toda a história da salvação. E ela se renova na história sobrenatural pessoal de cada um dentre nós: somente seremos ricos por meio do despojamento, só conheceremos a iluminação interior quando aceitarmos que as luzes do mundo diminuam dentro de nós e nossa intimidade com Cristo crescerá quando tivermos a impressão de ver desaparecer o caráter sensível de sua presença. Nosso coração nos dá a impressão de um deserto vazio e desolado certos ares festas nos dão a impressão que eles mascaram aquilo que somos de fato. Talvez nesse momento venhamos a compreender o que vem a ser a Ascensão. O Cristo nos priva das aparências de sua presença para nos dar o que ele é, a realidade indizível que ele recebe de seu Pai e para no-la dar pelo Espírito. Podemos recebê-la retornando à casa do Pai com o que somos, ele nos tornou capazes de participar da própria realidade de Deus”.
Texto inspirado em Karl Ranher, L’homme au miroir de l’année chrétienne, Mame Paris 1966.

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